sábado, 28 de janeiro de 2017

FLAGRANTE DE AMOR


Quantas vezes fui pecador reincidente
ao me flagrar à sós na beira do oceano
exilado no hospício do amor penitente
da paixão delinquente sem fito profano.

Frequentemente a vida me julgou insano
se eu tentava vencer a morte subjacente
no condoente funeral de um desengano
que se cria nascer do amor sobrevivente.

A sós eu cria ser minh’alma esse deserto
na linha do horizonte cruelmente incerto
para espalhar aos ventos os delitos meus

e eu nem mesmo podia cogitar que assim
o exílio voluntário desse amante em mim
era uma forma de falar a sós com Deus!...


Afonso Estebanez
(Carinhosamente dedicado à amiga
Lenice Ebert Maziero, por mérito).

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