domingo, 14 de maio de 2017

TEOREMA DO SONETO


Soneto é como um místico teorema
de afirmação que pode ser provada
a arquitetura adversa a um sistema
prescrito à renascença despertada.

Nos oito versos dou abrigo ao tema
que vou expondo em lírica jornada,
tijolo com tijolo, eis que um poema
vibra ao som da palavra rejuntada.

Nenhuma obra emerge de palavras
usadas numa condição de escravas 
das quais retira o senso de função.

Por isso é que o engenho do soneto 
conta com um obreiro no meu peito
honrando meus projetos de paixão.

 Afonso Estebanez
(13.05.2017)
O PERFIL DA ROSA – MINICRÔNICA POÉTICA


Uma rosa me respondeu: “... Eu sou a rosa entre as rosas dos abismos do coração. A pastora das rosas em sua trajetória de vida. Não sou uma lenda nem uma ninfa nem uma fada nem um mito nem um mero símbolo da cultura humana. Eu existo há milênios como espírito criador consagrado à perfeição artística, espiritual, científica e filosófica. Não tenho princípio nem fim em mim mesma. Sou passageira do tempo infinito, feita da pura matéria prima da inocência. Ferida pelos espinhos, pairo sobre a morte e meu sangue dá policromia às rosas que me são consagradas. Tenho o poder de conduzir paixões humanas, desvendar segredos de amor e anunciar a chegada das primaveras. Nas páginas inconsúteis de minhas pétalas os poetas escrevem para sempre suas histórias de amor intangível. Deus me deu a beleza dos místicos jardins florescidos entre o céu e a terra, a quintessência da luz do sol e o mel dos frutos perfumados de minhas entranhas. Portanto, eu existo. Existo, meu poeta! porque sou a tua resposta sem pergunta!".
Afonso Estebanez