quinta-feira, 6 de novembro de 2008

POEMA ESCRITO NO MAR


POEMA ESCRITO NO MAR

Queríamos apenas escrever
um capítulo de nossa história
como a memória do poente
entre as páginas do mar...

A areia estava fria e macia
corria pela praia e a maré
subia e o olhar do pôr-do-sol
no horizonte nos pertencia...

... derramava o seu calor
em sementes cristalinas
como pérolas de algodão
fazendo o amor renascer
no poente do coração...

E acabamos reescrevendo
o antigo encanto de amar
do amor escrito nas ondas
entre as páginas do mar...


Afonso Estebanez/Graciela da Cunha

SONETO NATALINO


SONETO NATALINO


Se se tem que ser hoje aquilo tudo
que em vida não se foi, podendo ser,
seja esse sonho mudo ainda mais mudo
enquanto for eterno até morrer.

Se se tem que pedir, que sobretudo
seja a doce ilusão de merecer
ao menos a esperança como escudo
de quem sonha algum dia receber.

Peça-se amor que mais amor reclame,
prazer de desejar só dor menor
em sofrer o prazer que se viveu.

Senão com grande amor, não se desame
ou se ame com amor ainda maior
essa dor que tão grande se doeu!


Afonso Estebanez

TARÔ


TARÔ

Alinhadas sobre a mesa entre penumbras
as cartas...
Combinações e caminhos infinitos do destino
de azar
ou sorte...
Oh, quantas e quantas vezes me arriscarei
perdendo
até ganhar o teu amor fatal prescrito assim
num vida
ou morte?


Afonso Estebanez

CORAÇÃO DE GUITARRAS


CORAÇÃO DE GUITARRAS

Deixem minha alma se perder
onde quiser, até que encontre
seu grande amor de perdição.

Deixem minha alma se render
sem arrogância, sendo de flor
seu grande amor de rendição.

Permitam que ela fique muda
como sombra de minha pedra
no entardecer de uma canção.

Deixes minha alma com a tua
como acordes de uma cantiga
nas guitarras de um coração...


Afonso Estebanez