domingo, 4 de junho de 2017


MARIAH

Ah, se me fosse dado porventura
voltar como renasce a primavera
gerando um anjo feito de ternura
que se dizia sem dizer quem era.

Meu coração antigo inda me cura
da ânsia desta lida que te espera
onde me cuidarás com tal doçura
o quanto tua luz for outra esfera.

Pude saber pelo anjo que chegou
sob a luz tênue que o luar deixou
que seria refém destes instantes.

Vejo hoje que nasceste para mim
como a última flor do meu jardim
que refloriu porque viestes antes!

Afonso Estebanez
(Musa recomendada ao meu sensitivo
coração em *18.10.2016*)

ALMA DE PLEBEU


Já ébrio eu regressei de muita festa
sob os clarões de luas embriagadas
com a alma oprimida em manifesta
sensação de venturas naufragadas.

Meu espírito a mim nunca contesta
por me sentar às mesas reservadas
pelas moscas azuis de alma funesta
da qual eu já levei muitas porradas.

Rasputin, cá estou com inclemência
 resistente aos bafejos da opulência
assistindo o crepúsculo dos nobres.

Nobres!... meros agentes funerários
que douram seus jazigos milionários
exumando os cadáveres dos pobres.

Afonso Estebanez
(Versão reparada)