domingo, 27 de agosto de 2017

ÚLTIMA VIAGEM


Devo empreender viagem sem demora
para onde tu me encontres sem chorar
como estar na mortalha de uma aurora
ou no lúmen do orvalho em meu olhar.

Não vejo que me assistas indo embora
com saudades do amor que vou deixar
como se nunca mais houvesse outrora
que em nós dois foi morada para amar.

Mas não foi dado a ti embarcar comigo
sem que saibas se é gozo ou é castigo
o céu de abismo aonde eu vou chegar.

Quiçá se não me houver anjo desperto
na ponto em que me for deste deserto, 
rogues a Deus que venha me buscar...

Afonso Estebanez
(Livre interpretação - 27.08.2017)