segunda-feira, 10 de abril de 2017

RESGATANDO RAÍZES
(Dedicado à Família Correia de Lima)


Pelas vias do meu sangue
Reencontrei minhas raízes
Sobre a terra prometida
Aos parentes mais felizes.

Enfrentei minhas paixões
Sem perder as diretrizes
Augurando a que o amor
Não deixasse cicatrizes.

Fiz milagres de esperança
E esqueci os desenganos
Sem medo de ser criança
Do começo de meus anos.

Nos espinheiros da vida
Eu pisei sem sentir dor
Procurando aqui e além
Minhas raízes de amor.

Hoje aqui estamos juntos
Só Deus tem explicação
Para as coisas sem resposta
Que pergunta o coração...

 (Mary Lovely)
MOMENTO ÚNICO

Noite. Lua Cheia.
Brisa amena entre
Meus braços desdobrados.
Sinto o cheiro de teu fruto
E o sabor dos namorados.

Na descoberta de teus portos
Nossas mãos entrelaçadas
Como folhas de um só pomo
Uma vela entre dois barcos.

Que esse desejo me aqueça
Ao menos em pensamento
E todo o tempo me esqueça
Na memória de teus braços.

Mary Lovely
O PASSADO EXISTE...

Descartes: “penso, logo existo” em tudo,
como em tudo que excita o pensamento
quando sonho que existo, em sobretudo
se eu sonhar também for conhecimento.

Que amores guarda o meu criado-mudo
do quanto ouviu de amor e aprazimento,
já que em calar-se expressa o conteúdo
de guardar-se da ação de envolvimento.

Portanto eu penso que o passado existe
como uma escola ativa em que consiste
colher-se agora o que ontem foi outrora.

Sempre acredito em sonhos mal vividos
não lanço ao mar pesares transcorridos
eis o amor passa, mas não vai embora!


Afonso Estebanez
(Dedico este soneto a gentil amiga
Denise Moraes
pela sua generosa presença permanente
em minha página cultural)
TOQUE DE AMOR


E eu agora vou embora
pois a aurora faz a hora
de teu sono descansar.

Mas eu nunca sonharei
com o sonho que te dei
que só tu podes sonhar.

como a flor à luz da lua
dorme com a alma nua
em segredo no jardim.

É assim que a tua alma
me sufoca mas acalma
o amor dentro de mim.


Afonso Estebanez & Anna Ortiz
SORTILÉGIO DO POEMA


Aprendi com palavras a esculpir poemas
ainda que sensíveis ao primeiro instante
mas todas se jubilam cósmicas e plenas
e cada uma se proclama minha amante.

Aprendi a sonhar com palavras amenas
a dançar com palavras de povo distante
e aprendi a viver com palavras e tremas
as palavras inúteis da língua implicante.

E palavras são bússolas para-sensíveis
ao reconhecimento dos versos incríveis
os entes da magia de toda experiência.

Portanto, eu aprendi a contornar os rios
e a desassombrar o mar com os navios
e viver de sonhar à luz da consciência.

Afonso Estebanez