domingo, 22 de novembro de 2009

TERCEIRA ROSA DO ORIENTE

TERCEIRA ROSA DO ORIENTE

Ô, insensatez humana convencer as rosas
de que das rosas todo o tema se esgotou!
Quantos mistérios há nas faces luminosas
das rosas da manhã que ainda não raiou...

As rosas são dotadas de almas poderosas
que o escultor das primaveras reinventou
num paradoxo de impressões prodigiosas
tal retocar a flor que Deus não terminou.

Eu canto as rosas que replanto no jardim
as desfolhadas pelas frias mãos do vento
que feneceram de ser uma flor qualquer.

Eu canto a rosa do último poeta em mim
a que folheia o livro do meu pensamento
e sangra por amor no ventre da mulher!

Afonso Estebanez

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SEGUNDA ROSA DO ORIENTE

Não vejo o dia de chegar o tempo
em que de rosas seja toda espera
como nos dias em que fico atento
e invento rosas para a primavera.

Não há deleites a não ser o alento
de ver o tempo regressar com ela
da doce esfera do contentamento
ao venturoso amor que regenera.

O amor da rosa que virá semente
do meu jardim secreto do oriente
para os canteiros rústicos do mar.

Talvez a vida seja o mar de rosas
que a despeito das vias arenosas
não se ferem nas pedras do luar.

Afonso Estebanez

SEGUNDA ROSA DO ORIENTE

PRIMEIRA ROSA DO ORIENTE

Há milênios construo entre ternuras
uma estrada de rosas que inauguras
em cada amanhecer de minha vida...

Assim, então, jamais sequei deserto
eis do teu sonho nunca me desperto
a não te ver ausente e adormecida...

Do Oriente ao Ocidente teu perfume
foi sempre a via etérea afeita e afim:
ao teu destino de ser meu queixume
em meus destinos de ser teu jardim.

Jardim da aurora que me fez a lume
lume da rosa de teu ventre em mim:
Rosa do Oriente que o amor resume
no amor das rosas com amor assim!

Afonso Estebanez

PRIMEIRA ROSA DO ORIENTE

sábado, 14 de novembro de 2009

RANCORAMOROSAMENTE

Se tiveres que passar
pela porta de minha vida,
não o faças indiferentemente.
Faze-o rancoramorosamente
e deixa-me algo que pareça paz
ou coisa menos ou mais eterna
do que a aurora de um sorriso.
Se for uma hora de despedida
que seja vestida com a ternura
do arco-iris de purpurina
do colo de uma flor.

Deixa-me alguma coisa
como lembrança de partida.
Se possível, deixa-me o amor
martirizado pelo espinho
da extrema felicidade
com que (não mintas)
sempre sonhei.

Pelo tamanho da minha dor
talvez tu sintas o tamanho
do amor com que te amei...

Afonso Estebanez

MEU SER EM CONSTRUÇÃO

Os meus sonhos de criança
(andorinhas das campinas)
eu deixei na minha infância
entre as pedras das colinas
mas ficou o contentamento
de lembrar da voz do vento
nos bailados das cortinas...

De mim mesmo o lavrador
fui como o cabo da enxada
cujo horizonte era o chão.
Fui meu próprio professor,
e aprendi que toda escada
tem os passos da alvorada
para o ser em construção.

Aprendi a escrever versos
e a espalhar o azul no céu
feliz dos sonhos dispersos
entre as nuvens de papel.
Deus então fica com pena
e me sopra algum poema
com gosto de flor de mel.

Afonso Estebanez
(Para Julis Calderón d’Estéfan
*a minha mais feliz contradição humana*)

CORPO A CORPO

Na escalada de teu corpo
bem no cume das colinas
me descanso no conforto
com que tu me desatinas
num abismo de cavernas
com orifícios em chamas
nas profundezas eternas
onde sei que tu me amas
e que escalas minha vida
como flores transalpinas
como quem espera a lida
nas janelas das neblinas.

Afonso Estebanez

Canto Só

Canto Só
Chorei tanto
desencanto
que o canto
só por pena
se espantou
e do pranto
pelo quanto
por encanto
toda a pena
me levou...

Afonso Estebanez

CANÇÃO RITMADA

Não basta ser uma pétala,
é preciso ser a flor: a face
do lírio é a parte desperta
da face da aurora coberta
de partes da festa da flor.

Não basta o flerte da rosa
sem a volúpia da flor: ser
uma rosa é ser uma fome
desse amor que consome
e vive em nome do amor.

Não basta uma ideologia,
é urgente que haja amor:
o amor doido fado magia
profundo como uma rosa
e simples como uma flor.

Afonso Estebanez

ALLEGRO MA NON TROPPO

Fica a paz de um canto triste
dos riachos que vão embora,
vem a tarde e o canto insiste
nos meus ouvidos de aurora.

Resta uma chama encostada
numa sombra sem memória,
fica a noite e um quase nada
do que fora a minha história.

Não sou mais aquela infância
debruçada em teus terraços...
Vais!... E deixas a Esperança
desmaiada nos meus braços.

O homem nasce e vira glória
quando é pedra e vira a flor:
Deus então mais comemora
quando é barro e vira amor.

Afonso Estebanez

A CANÇÃO DE BÁRBARA

Vou percorrer os corações
até onde suporta a espera
essa busca de explicações
para o estio da primavera.

Espero que não seja culpa
o que de ti me leva ao céu
restando da vida tão curta
só um barquinho de papel.

A ti privaram dos sentidos
a mim da doação humana,
do juízo os casos perdidos
e da luz o brilho na lama...

Eis ainda há lírios e rosas
o campo verde de alecrim
há a ternura das mimosas
do perdão dentro de mim.

Afonso Estebanez

DESPEDIDA

Se tu fores embora
amada,
não me digas nada
para que a saudade
tome o lugar
do susto
de te haver perdido.

Perder é o coração
ferido
saudade
é o coração
doído...

A. Estebanez

JARDINEIRO

JARDINEIRO

Aqui estou eu de plantão
no canteiro da tua mão
como um cravo no jardim...

E espero que teu desejo
Espete o espinho de um beijo
no jardineiro de mim...

Afonso Estebanez

ANIVERSÁRIO

Hoje eu quero de presente
as perdas que nós tivemos
daquele encontro marcado
a que não comparecemos.

As marcas dos nossos pés
naquela estrada impedida,
os rumos daqueles passos
que jamais demos na vida.

O sonho que nem tivemos
e o que temos sem querer
ao acordarmos de sonhos
que sonhamos sem saber.

Ternuras para o consumo
das nossas almas abertas
ao instinto mais profundo
de nossas vidas desertas.

Ô! rosa que não me deste
esta flor ausente em mim
ô! o crepúsculo apagando
tão cedo no meu jardim...

Afonso Estebanez

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ALLEGRO MA NON TROPPO

ALLEGRO MA NON TROPPO

Fica a paz de um canto triste
dos riachos que vão embora,
vem a tarde e o canto insiste
nos meus ouvidos de aurora.

Resta uma chama encostada
numa sombra sem memória,
fica a noite e um quase nada
do que fora a minha história.

Não sou mais aquela infância
debruçada em teus terraços...
Vais!... E deixas a Esperança
desmaiada nos meus braços.

O homem nasce e vira glória
quando é pedra e vira a flor:
Deus então mais comemora
quando é barro e vira amor.

Afonso Estebanez

RANCORAMOROSAMENTE

Se tiveres que passar
pela porta de minha vida,
não o faças indiferentemente.
Faze-o rancoramorosamente
e deixa-me algo que pareça paz
ou coisa menos ou mais eterna
do que a aurora de um sorriso.
Se for uma hora de despedida
que seja vestida com a ternura
do arco-iris de purpurina
do colo de uma flor.

Deixa-me alguma coisa
como lembrança de partida.
Se possível, deixa-me o amor
martirizado pelo espinho
da extrema felicidade
com que (não mintas)
sempre sonhei.

Pelo tamanho da minha dor
talvez tu sintas o tamanho
do amor com que te amei...

Afonso Estebanez

ABRIR OS BRAÇOS NÃO BASTA

Não adianta só abrir os braços
para o mundo e uivar ao vento
como lobo num cio sem razão.

Isso é somente abrir os braços
para o mundo e uivar ao vento
como lobo num cio sem razão.

É necessário fechar os braços
ao redor dos próprios abraços
numa oferta própria da razão.

Abrir os braços para o mundo
e fechar com o amor profundo
do abraço no próprio coração.

Afonso Estebanez

CORPO A CORPO

CORPO A CORPO

Na escalada de teu corpo
bem no cume das colinas
me descanso no conforto
com que tu me desatinas
num abismo de cavernas
com orifícios em chamas
nas profundezas eternas
onde sei que tu me amas
e que escalas minha vida
como flores transalpinas
como quem espera a lida
nas janelas das neblinas.

Afonso Estebanez

Canto Só

Canto Só

Chorei tanto
desencanto
que o canto
só por pena
se espantou
e do pranto
pelo quanto
por encanto
toda a pena
me levou...

Afonso Estebanez

CANÇÃO RITMADA

CANÇÃO RITMADA

Não basta ser uma pétala,
é preciso ser a flor: a face
do lírio é a parte desperta
da face da aurora coberta
de partes da festa da flor.

Não basta o flerte da rosa
sem a volúpia da flor: ser
uma rosa é ser uma fome
desse amor que consome
e vive em nome do amor.

Não basta uma ideologia,
é urgente que haja amor:
o amor doido fado magia
profundo como uma rosa
e simples como uma flor.

Afonso Estebanez

A CANÇÃO DE BÁRBARA

A CANÇÃO DE BÁRBARA

Vou percorrer os corações
até onde suporta a espera
essa busca de explicações
para o estio da primavera.

Espero que não seja culpa
o que de ti me leva ao céu
restando da vida tão curta
só um barquinho de papel.

A ti privaram dos sentidos
a mim da doação humana,
do juízo os casos perdidos
e da luz o brilho na lama...

Eis ainda há lírios e rosas
o campo verde de alecrim
há a ternura das mimosas
do perdão dentro de mim.

Afonso Estebanez

ANIVERSÁRIO

ANIVERSÁRIO

Hoje eu quero de presente
as perdas que nós tivemos
daquele encontro marcado
a que não comparecemos.

As marcas dos nossos pés
naquela estrada impedida,
os rumos daqueles passos
que jamais demos na vida.

O sonho que nem tivemos
e o que temos sem querer
ao acordarmos de sonhos
que sonhamos sem saber.

Ternuras para o consumo
das nossas almas abertas
ao instinto mais profundo
de nossas vidas desertas.

Ô! rosa que não me deste
esta flor ausente em mim
ô! o crepúsculo apagando
tão cedo no meu jardim...

Afonso Estebanez

MEU SER EM CONSTRUÇÃO

MEU SER EM CONSTRUÇÃO

Os meus sonhos de criança
(andorinhas das campinas)
eu deixei na minha infância
entre as pedras das colinas
mas ficou o contentamento
de lembrar da voz do vento
nos bailados das cortinas...

De mim mesmo o lavrador
fui como o cabo da enxada
cujo horizonte era o chão.
Fui meu próprio professor,
e aprendi que toda escada
tem os passos da alvorada
para o ser em construção.

Aprendi a escrever versos
e a espalhar o azul no céu
feliz dos sonhos dispersos
entre as nuvens de papel.
Deus então fica com pena
e me sopra algum poema
com gosto de flor de mel.

Afonso Estebanez
(Para Julis Calderón d’Estéfan
*a minha mais feliz contradição humana*)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

CORPO A CORPO

CORPO A CORPO

Na escalada de teu corpo
bem no cume das colinas
me descanso no conforto
com que tu me desatinas
num abismo de cavernas
com orifícios em chamas
nas profundezas eternas
onde sei que tu me amas
e que escalas minha vida
como flores transalpinas
como quem espera a lida
nas janelas das neblinas.

Afonso Estebanez