segunda-feira, 30 de março de 2009

OITAVA ROSA DE SAROM

OITAVA ROSA DE SAROM

OITAVA ROSA DE SAROM

É preciso enxergar com a visão da aurora
os canteiros de luz nos olhos da alvorada
e crer que as rosas estão lá antes da hora
como servas das antecâmaras da amada.

É preciso convir que não existe o outrora
que rosas sempre têm a brisa perfumada
no topo do futuro que foi sempre o agora
como o êxtase da primavera despertada.

Rosas são infinitas como é a minha fome
do amor eterno que me vive tão profundo
que já nem pode me deixar sem padecer.

Eu vivo pela dor que meu amor consome
na luz de minhas rosas únicas no mundo
que me resgatarão da morte se morrer...

Afonso Estebanez

quinta-feira, 26 de março de 2009

CONFISSÃO

CONFISSÃO

CONFISSÃO

Feliz de mim quando tu vens
ao confessionário do meu coração
falar do amor que ainda me tens
onde perdestes tua própria alma
num labirinto de solidão...

Louvores ao amor que te absolve
e te devolve a paz e a luz e a calma
sempre que lhe dás a oportunidade
de reencontrar a tua alma...

Bem-aventuradas são as almas
que confessam seu amor perdido
do qual nunca se perderam...

É preciso viver para perder-se
o quanto é necessário perder-se
para se encontrar na solidão...

Bem-aventuradas as nossas almas
separadas... Eis porque juntas,
jamais se perderão...

Afonso Estebanez
(Dedicado à carinhosa amiga
Sandra Mello “Flor”)

E O VENTO NÃO LEVOU...

E O VENTO NÃO LEVOU...

E O VENTO NÃO LEVOU...

Minha primeira letra do alfabeto grego
o princípio do amor das aulas de latim
o beta do bendito beijo no aconchego
do primeiro capítulo do amor de mim.

O ciúme que de ti eu tenho por tolice,
a ponto de me declarar em guerra fria
e pôr no dia da batalha uma meiguice
que faça a minha noite clarear teu dia.

E o vento não levou a lucidez da pena
que pago como por dever de gratidão
pelo fato de não ter sido tão pequena
tua herança terrena havida do perdão

que o vento não levou e nunca levaria
da memória da vida agora despertada
do destino capaz de ouvir da ventania
a paz da sinfonia eterna da alvorada...

Afonso Estebanez
(Poema dedicado à poetisa brasileira
Genaura Tormin – com meu carinho)

E O TEMPO NÃO LEVOU...

E O TEMPO NÃO LEVOU...

E O TEMPO NÃO LEVOU...

Meus castelos de esperança
com suas torres de marfim:
as pedras são as da infância
que guardei dentro de mim

como guardo em tolerância
o que a dor doeu-me assim
sendo a dor a circunstância
dos espinhos de um jardim.

O tempo não toma a aurora
pois a aurora é da alvorada:
meu lume eterno que mora
nos olhos de minha amada.

Afonso Estebanez
(Dedicado à notável poetisa e amiga
Ana Beatriz Nascimento – Bia Poesias)

SÉTIMA ROSA DE SAROM

SÉTIMA ROSA DE SAROM

SÉTIMA ROSA DE SAROM

Minha sétima rosa é a última que a vida
fez na memória do deserto deslembrada
de que no mundo toda flor é concebida
para lembrar de uma verdade revelada.

A verdade da rosa é a aurora resumida
em primavera do deserto sem ter nada
eis que do nada cada rosa é presumida
como uma dádiva profana consagrada.

E Deus é pompa pela tua circunstância
de ser amada com amor em abundância
por esse meu amor inculto de aprendiz.

Mas a sétima rosa induz-me o coração
a reduzir todo esse amor numa paixão
que faz de mim o teu amado mais feliz.

Afonso Estebanez

domingo, 22 de março de 2009

TARDE DE DOMINGO

TARDE DE DOMINGO

TARDE DE DOMINGO

Essa tarde de domingo
e essa chuvinha caindo
e esse triste bem-te-vi...

Essa memória de rosas
nas goteiras lacrimosas
das ho ras que já perdi...

Essa tristeza insistente
gotejando para sempre
minhas saudades de ti...

Afonso Estebanez
(Dedicado com carinho à fiel amiga
Kátia Luzia de Figueiredo Fernandes
“Doce Romântica”)

quinta-feira, 19 de março de 2009

O AMOR DA INSÔNIA

O AMOR DA INSÔNIA

O AMOR DA INSÔNIA

Mais uma noite vou dormir com minha insônia
que este é o meu modo de viver num paraíso,
pois que sonhar dormindo é a inútil cerimônia
que me priva de amanhecer com teu sorriso...

Sonhar com pesadelos é perder-te o instante
de andar pelo jardim que no teu corpo existe,
mais doce quando sonhas é o teu semblante
de quem jamais desperta com o sorriso triste.

Então vou acordar como quem nunca dorme,
aguardar que teu beijo então me faça a hora
esperando que o encanto de te amar retorne
e cante como pássaro que acorda a aurora...

Afonso Estebanez
(Poema dedicado à doce
amiga Ana Maria Wagner)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Δάφνη

Δάφνη

Δάφνη

Ah, se tu não podes ser amante
e de mim não podes ser mulher
nem o eterno cântico da amada,
sejas tu ao menos meu instante
de viver do encanto se eu puder
não viver sem precisar de nada.

Ai de mim, essa árvore sagrada
carregada de meus desenganos
sonhos falsos que eu até desejo
com a alma tão só desobrigada:
viver só o amor de muitos anos
vividos do veneno de teu beijo!

Ah, do amor ferido com doçura
feliz sensação é um não ter fim
a demência em fase de ternura
que dói e me cura e fica assim.
Ai de mim!...

Afonso Estebanez
(Dafne – poema de inspiração grega
dedicado à doce amiga Cida Barrêto)

segunda-feira, 16 de março de 2009

O QUE FICA PARA SEMPRE

O QUE FICA PARA SEMPRE

O QUE FICA PARA SEMPRE

O verso tem que ser um sofrimento
pela dor que se dói dentro do peito.
Ou não é verso... é só divertimento
de quem goza de causa sem efeito.

O sentido da flor é o encantamento
que doído de espinho sem despeito
é um doer sem sofrer padecimento
como os versos doídos num soneto.

Todo intento de amor morre cativo
de algum sonho vivido sem motivo
num futuro algemado no presente.

E amor é como pássaro na aurora:
canta e chora e dói e vai embora...
Mas o seu canto fica para sempre!

Afonso Estebanez
(Dedicado com todo o carinho
à poetisa brasileira Anna Orsi)

domingo, 15 de março de 2009

AMOR SEM CULPAS

AMOR SEM CULPAS

AMOR SEM CULPAS

Pensei já haver esquecido
ter sido eterno o momento
meu tempo de amor vivido
com o teu no pensamento.

Restou comigo um sentido
de ouvir a canção do vento
dizendo-me haver perdido
o amor na curva do tempo.

Mas tu fostes-me uma flor
e mesmo sem te dar nada
eu ganhei tuas desculpas.

Assim eu te amo sem dor:
de alma só, porém lavada
de todas aquelas culpas...

Afonso Estebanez
(Dedicado carinhosamente à amiga
Maria Augusta Maurício Cesar
– a nossa “Fada do Amor”)

sábado, 14 de março de 2009

POEMÍNIMIS

POEMÍNIMIS

POEMÍNIMIS

espinhos
de flores
carinhos
de dores

espinhos
de dores
carinhos
de flores

malditos
benditos
carinhos

benditos
malditos
espinhos


A. Estebanez

quinta-feira, 12 de março de 2009

FELIZ MESMO ASSIM...

FELIZ MESMO ASSIM...

FELIZ MESMO ASSIM...

Com a leveza da calma
do gesto breve da brisa
da profundeza da alma
ela acenou-me e sorriu.

E com o peso da calma
tão suave como a brisa
ela disse à minha alma
o que a alma não ouviu.

E se a alma nem ouviu,
com a leveza da calma
da profundeza da alma
ela acenou-me e partiu.

Ela disse alguma coisa
com a leveza da mente
parecendo certamente
o que dos anjos se diz.

Eu fiz o que não queria
ela fez o que nem quis.
Então hoje eu me diria:
por pouco não fui feliz...

Afonso Estebanez
(Poema dedicado à poetisa
brasileira Elischa Dewes]

PASTOREIO IV

PASTOREIO IV

PASTOREIO IV

Eu preciso apascentar os teus cabelos
e beijar com os lábios da brisa tua face
eu preciso iluminar o lado oculto da lua
de teu corpo e denunciar a descoberta
do mais fértil planeta do teu coração...

Edificar com a lua teu quarto de dormir
entre rosas e gérberas sobre o teu leito
de amanhecer com as canções do mar..

E vou permitir que a luz do sol se deite
como aurora cansada de amanhecer...
E, finalmente, vou esquecer de sonhar
que você foi o meu bom-dia prometido
como uma orquídea na beira do jardim
que foi cúmplice de meu sonho casual
despertado neste cafezinho da manhã
de nossa vida...

E nunca mais tu me dirás um até logo,
nem quando necessária a despedida...

Afonso Estebanez

terça-feira, 10 de março de 2009

SEXTA ROSA DE SAROM

SEXTA ROSA DE SAROM

SEXTA ROSA DE SAROM

SEXTA ROSA DE SAROM

SEXTA ROSA DE SAROM

O enigma da rosa é o mero instinto
que simples faz supor ao jardineiro
ser um dom penetrar-lhe o labirinto
dos instintos das flores do canteiro.

Minha rosa, porém, eu a pressinto,
pois ela é luz da paz do candeeiro:
chama infinita pelo amor que sinto
como o aroma num doce cativeiro.

As Rosas de Sarom são as feridas
curadas pelo amor de muitas vidas
que as lágrimas transiram pela dor.

Mas hoje renascidas dos martírios,
são rosas recatadas como os lírios
dos jardins replantados pelo amor.

Afonso Estebanez

segunda-feira, 9 de março de 2009

CANTIGA DE RODA

CANTIGA DE RODA

CANTIGA DE RODA

Nada mais me faz falta
nem aquela esperança
de trazer na lembrança
teus suspiros de flauta.

Tudo mais me faz falta,
sobretudo a esperança
de trazer na lembrança
teus suspiros de flauta.

A esperança não mais,
nada mais me faz falta
nem os risos da flauta
que a saudade me traz.

Ah... e que falta me faz
essa antiga lembrança
dessa doce esperança
de teus sonhos de paz.

Afonso Estebanez
(Dedicado carinhosamente
à amiga Conceição Dantas)

domingo, 8 de março de 2009

PELAS MULHERES ANÔNIMAS

PELAS MULHERES ANÔNIMAS

PELAS MULHERES ANÔNIMAS

Rogo hoje a Deus pelas mulheres esquecidas
que sempre foram ‘caso’ e nunca foram tema:
mulheres sem o amor das musas pertencidas
sem o nome lembrado ao menos num poema.

E penso nas mulheres nunca compreendidas
as que sofrem sozinhas porque sentem pena
das mulheres que choram porque suas vidas
são extremos entre o prazer e a dor suprema.

E Deus se apraza das mulheres sem história
que desistem do sonho sem deixar memória
ou vivem de ilusões dos sonhos já passados.

Rogo de Deus o amor de dias complacentes
eis porque todas as mulheres são nascentes
dos milagres de amor que foram realizados!

Afonso Estebanez
(Pelo Dia Internacional da Mulher-2009)

sábado, 7 de março de 2009

DA ALMA FEMININA

DA ALMA FEMININA

DA ALMA FEMININA


Deixa a alma espalhar-se pelo vento
deixa o tempo perder-te onde quiser
deixa a brisa seguir teu pensamento
e a menina encontrar-se na mulher.

Aos látegos do mar o sonho acalma
aos espinhos do só o bem-me-quer
se tu ficas no campo e pões a alma
naquela rosa em que te vês mulher.

Perder-me em ti o teu amor ensina
e tanto vou perder-me onde puder
o quanto houver tua alma feminina
de ser deusa com alma de mulher.


Afonso Estebanez
(Poema dedicado carinhosamente
à amiga Adriana Polly *Naninha*)

MULHER: TRAJETO DA VIDA

MULHER: TRAJETO DA VIDA

MULHER: TRAJETO DA VIDA

A mulher é a partida
no início da chegada.
Faz o trajeto da vida
luzidia da alvorada...

É a fênix renascida
é a alma despertada
a parte reconhecida
da vida reencarnada...

É o amor é o juízo
é a dor do paraíso
a verdade da ilusão...

A mulher é o desejo
é o fruto e é o beijo
e a causa do perdão!

Afonso Estebanez

quarta-feira, 4 de março de 2009

NOTURNO PARA MAYSA

NOTURNO PARA MAYSA

NOTURNO PARA MAYSA

Esta ausência não te cala
somente migra a canção:
como a brisa adormecida
entre pétalas de mágoas
da nascente dos sorrisos
num paraíso de lágrimas.

Tua ausência não se cala
somente migra a paixão:
é a luz brilhando deitada
feito sombra despertada
aguardando a esperança
com saudade da canção.

Tua ausência não se cala
como as páginas viradas
das histórias esquecidas
tal meu coração me diz:
toda ausência só se cala
se o amor for mais feliz.

Afonso Estebanez
(Para Maysa Uma Paixão)

segunda-feira, 2 de março de 2009

OFTALMOPOEM

OFTALMOPOEM

OFTALMOPOEM


O exame de fundo do meu olhar
responde ao resultado positivo
de cascatas da bruma sobre o mar:
cataratas de luz de um paraíso
como flautas de espumas do sorriso
numa canção tão simples de cantar...

Eu tomo teus olhos para enxergar
como cego que enxerga sem motivo
pelo simples prazer de navegar:
no mar imaginário do impossível
ainda que enxergar seja possível
como a última forma de te amar...

Afonso Estebanez