sexta-feira, 21 de abril de 2017

O POEMA PERDIDO


Eu fiz um poema e o lancei no oceano
de mágoas retidas no abismo de mim
e o estro que fiz num retalho de pano
virou barco à vela dos mares sem fim.

E penso ancorado no meu desengano
do lago sem água de um velho jardim
sugando do olhar em cruel abandono
as fontes de fel de uma herança ruim.

Talvez meu poema infiltrou-se na lua
que algum seresteiro demente na rua
perdeu com os versos o tino do tema.

Nem devo nem lembro do inteiro teor
não sei se escrevi sobre ódio ou amor,
não sei se sonhei ou compus o poema.

Afonso Estebanez
(Soneto que ofereço ao insigne poeta
Luiz Antonio Bonini
com meus aplausos de amizade,
admiração e fraternidade)