terça-feira, 11 de novembro de 2008

DESTINO DE CHEGAR


DESTINO DE CHEGAR

Uma flor só se envolve com o vento
uma rosa se envolve sem queixume
não se colhe uma flor por desalento
ou pelo assédio intenso do perfume.

Se queres teu amor refaça o tempo
vê como faz um simples vaga-lume
que gera a luz ao fado do momento
e faz que a noite sua aurora exume.

Deixo-te rosas fartas sem espinhos
esvaziando de mim tantos carinhos
para logo voltar se nem sei quando...

E quando o dia anteceder a aurora
verás assim que nunca fui embora
pois nunca paro de ficar chegando...

A. Estebanez

DESTINO


DESTINO

Eu quero seguir
teus passos
palmilhados
entre espinhos
colhendo as rosas
que deixas
como pedras
em meus caminhos...


Afonso Estebanez

CANÇÃO JUNTO AO BERÇO


CANÇÃO JUNTO AO BERÇO

Johanna veio correndo
abrindo o corpo no vento
colher a rosa do amor
plantada à beira do tempo.

Johanna chegou na voz
da canção que não havia...
O mundo todo chorava
e só Johanna se ria.

E doce fazia o pranto
aquilo que ela cantava...
Se Deus ouvia seu canto,
seu anjo comemorava.

E tudo o que traduzia
sua canção tão serena
era a voz que não se ouvia
do seu lamento sem pena.

E pus seu sonho no vento
para ver aonde ele iria,
pensando que o vento fosse
sua triste cotovia...

Mas era uma ave tão leve
e sua canção tão suave
que até quase só me lembro
da canção e não da ave...

Johanna se deu à luz
do oriente à maresia
e a aurora de seu corpo
se deu ao corpo do dia.

Passageira do infinito
que os sonhos agasalharam,
Johanna matou a fome
dos sonhos que a devoraram.

Pôs seus desejos nos rios
nos campos tanta esperança
que sua alma vive em tudo
enquanto o corpo descansa.

Há tempos me vem dizendo
palavra que não se ouvia...
Calada falava mais
do que aos gritos me dizia...

Vim devolver-te o caminho
que não foi de sombras nem sol
nas praias das mãos sem pedras
banhadas em mel e sal.

Vim devolver-te a esperança
na pousada de meus braços
sem vigília e sem pernoite
sem descanso nem cansaço...

Vim devolver-te meu pão
meu trigo meu alimento
que meus moinhos parados
deixaram passar no vento...

Mares calmos de enseadas
de meu sangue navegante...
Devolver-te o que me resta
no infinito desse instante!

A. Estebanez
(Poema dedicado à minha filha Johanna Estebanez Stael)