terça-feira, 21 de março de 2017

MEU CANTEIRO DE SONHOS


Uma grande construção foi demolida
No canteiro de obras de minha vida...
Outra construirei ainda que pequenina
Naqueles traços deixados na despedida.


Entre trapos, farrapos e entulhos, 
Posso encontrar matéria prima... 
Começarei fazendo a reciclagem
Da alma acostumada com o clima
Das tarefas diáfanas das miragens.


Posso aproveitar o que sobrou de mim
E dar início a uma renovadora construção, 
Do jeito que me faça ainda ser feliz.

O aprendizado da experiência e do velho 
Sofrimento serão os meus instrumentos 
De superação da minha fase de aprendiz.


Recomeçar pelo alicerce, preparar o terreno, 
Novamente, aterrando, plainando onde a areia
Movediça um dia afogou-me os pés sem chão... 
Quero reconstruir na rocha para que os sonhos
Solidificados não possam desmoronar. 
Fortes colunas sobre o alicerce de minhas 
Decisões compostas de atitudes duradouras, 
Paredes que só guardem vozes sem chorar.

Minha sala terá um cantinho acolhedor
Com plantas orientais, anjos, duendes,
Uma pequena fonte com aves cantando
Ao redor das águas borbulhantes...
Aí vou receber os amigos, falar poemas
Desconhecidos e meditar sobre alguma
Coisa provável como a eternidade.


Erguerei um quiosque de verão com
Plantas exóticas de algum Éden que
Ainda não foi inventado nesta vida,
Terei um corredor com decorações de sol, 
Estrelas, astros, luas e asteróides nunca 
Dantes descobertos...


Não haverá desertos em meus projetos
De inocentes animais de estimação...
Os anõezinhos brincalhões conversarão
Ao redor da pequena piscina onde lírios
Dividirão comigo e meus amigos um drink
De orvalho como num brinde a todas
As manhãs que trazem sempre
Algum eterno recomeço...


Mary Lovely

(Em homenagem especial à poetisa autora,
em agradecimento à sua generosidade no
desenvolvimento do meu blogger)

Afonso Estebanez
A MAGIA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA
OFICINA – MODULAÇÃO INTERATIVA - 12
*REPASSANDO ‘POEMA x POESIA’*


O estágio mais importante de nossos estudos iniciais nossos acompanhantes já devem ter alcançado: a CONSCIÊNCIA e o RECONHECIMENTO de que ‘Poesia & Poema’ são muito mais importantes do que as espécies, os gêneros ou as formas fixas que os possam identificar ou distinguir. Já elaboramos o mencionado Módulo 05 exatamente sobre o assunto levantado, que já foi postado. Mas são os Módulos 05/06 exatamente que têm a função de DESCOMPLICAR DEFINITIVAMENTE essa questão, mesmo que com as inevitáveis conceituações de ordem técnica. Após, nos embrenharemos no ‘sertão e veredas’ das milhares de formas – MILHARES MESMO – de ESCREVER POEMAS SEM MEDO. Temos lembrado que ‘poema e poesia’ estão quase sempre onde menos esperamos: num bilhete de despedida para o trabalho, numa redação escolar, nos olhos do sapo, numa florzinha do jardim, na sombra noturna de uma árvore, na brisa passageira, na água fervendo na panela, no barulho da vassoura recolhendo o lixinho do quintal... e, às vezes, até no ronco noturno da pessoa amada. Em tudo estão o poema e a poesia! Mas se essa ‘dupla’ divina estiver no seu atento coração, nada mais sublime. É só celebrar de forma que convença mais a sua própria alma do que a dos outros...

Afonso Estebanez
A METÁFORA PERDIDA


Uma simples figura de linguagem
teria transformado a minha vida,
não fora a destituição da imagem
da alma humana desconstituída.

Meu vício de empreender viagem
por milhares de autores repetida
coisificou meu ego e a mensagem
que se alinha à metáfora perdida.

Metáfora é um modo de entender
o que me diz do amor sem o dizer
a alma onde nada se há perdido...

Vê! a metáfora do amor responde
que o paraíso é um lugar de onde
eu nunca deveria ter saído!...

Afonso Estebanez
(Poema que dedico ao meu heterônimo
Julis Calderón d’Estéfan – 21.03.2017)
SORTILÉGIO DO POEMA


Aprendi com palavras a esculpir poemas
ainda que sensíveis ao primeiro instante
mas todas se jubilam cósmicas e plenas
e cada uma se proclama minha amante.

Aprendi a sonhar com palavras amenas
a dançar com palavras de povo distante
e aprendi a viver com palavras e tremas
as palavras inúteis da língua implicante.

E palavras são bússolas para-sensíveis
ao reconhecimento dos versos incríveis
os entes da magia de toda experiência.

Portanto, eu aprendi a contornar os rios
e a desassombrar o mar com os navios
e viver de sonhar à luz da consciência.

Afonso Estebanez