SONETO COM SHAKESPEARE
Nada obstante um anônimo andarilho,
sou um poeta que pertence ao mundo;
pois nem dos astros eu espero o brilho
que não o brilho de meu ser profundo.
Eu vejo que nem mesmo o maltrapilho
vista um sonho de amor tão infecundo
que lhe inspire um amor de afogadilho
a não sonhar com novo amor fecundo.
Amor é o que aquece os velhos ninhos
em que habitam os novos passarinhos
entre as flores dos vales de alfazemas.
O amor tem que ser livre como o gamo
que se move se a brisa diz: “eu te amo”
ao amor que se
entrega sem algemas!
Afonso Estebanez
(Dedico este soneto à notável poetisa
Benedita Silva de Azevedo
mestra na arte japonesa de compor haikais,
tidos como os menores poemas canônicos do mundo.
03.05.2017)