segunda-feira, 14 de novembro de 2016

SONETO DA INFIDELIDADE


Em nada ao meu amor serei atento,
antes, só por descaso e desencanto
que mesmo seja meu o teu encanto
dele me desencante o pensamento.

Não viverei por ele um só momento
e de tristeza hei de calar meu canto 
e cantar de alegria com meu pranto
o seu prazer ou descontentamento.

Tomara esse feliz de quem não ama
talvez a vida, sonho de quem morre
assim mais cedo um dia me procure

e dele eu fale que sequer foi chama
e não sendo infinito a quem socorre
não me seja infinito ainda que dure.

Afonso Estebanez
(Réplica ao ‘Soneto da Fidelidade’
De Vinicius de Moraes)

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