domingo, 1 de junho de 2014

DO PÁSSARO RETIRANTE

DO PÁSSARO RETIRANTE

No dia em que o destino interromper
meu tempo de andarilho pela aurora
qual pássaro em silêncio vou morrer
ao desígnio mais triste de ir embora.

Se o crepúsculo ouvisse já de agora
meus cantares de paz e amanhecer
nem mesmo a noite perderia a hora
de ouvir os cânticos do entardecer...

No reino dos ciprestes que governo
vou refazendo a ardor do cio eterno
infenso aos vendavais em desatino.

É por isso que vivo meus instantes
no eterno amor das aves retirantes
porque a morte é cilada do destino.

Afonso Estebanez

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