terça-feira, 11 de abril de 2017

CICATRIZES


Perdi de há muito a última quimera.
Jaz no relógio o outono que passou,
nem mais sinto sinais de primavera
nos desertos do inverno que restou.


A esperança não é nenhuma espera,
o horizonte é distante de onde estou
como a morte que não se desespera
insepulta a esperar por quem ficou.


Das cicatrizes ficam-me as ternuras
das paixões suavemente ressentidas
de pecados de amor não cometidos.


Só Deus sabe de quantas amarguras
hei me restar sangrando sem feridas 
dos funerais de sonhos não vividos...


Afonso Estebanez – 20-06-2016

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