sexta-feira, 18 de novembro de 2016

AMOR SAPIENS
(Cena I)



Sinto por ti 
o instinto selvagem dos rios 
que percorrem a orla dos campos 
e se perdem nas densas florestas
como reflexos do sexo no corpo.

Por mais que tu insistas
em desvendar o curso de minhas águas
jamais saberás onde cantam as nascentes
nem onde arrulham os seixos das fontes
nem onde as vertentes 
conversam com o vento...

Nunca saberás do meu concerto de flautas
nos bambuzais nem dos bailes nas ramagens
onde os pássaros inventam
a linguagem do amor...

Nem de onde vem nem para onde vai
a brisa que te afaga sem que te percebas 
cativa de uma paixão pressentida...
Mas te resta a memória perdida
entre as cinzas de uma flor... 

Afonso Estebanez 

Nenhum comentário: