quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O INFERNO DO CÉU



Em parte somos feitos mais de sonhos
e em parte mais de morte e pesadelos...
Em parte entre conselhos de serpentes
que mentem como a face dos espelhos.

Flores não sangram sob seus espinhos.
Rosas nem sabem quando vão morrer...
Calam-se os ninhos quase indiferentes
se é para sempre quando amanhecer...

Amor é dom que não celebra a morte
é a flauta gêmea das canções da vida
que suaviza como o êxtase das almas
e acalma o coração que ainda agoniza...

Não há inferno onde um grão de amor
viceja em forma de uma flor qualquer...
Ah, luz do arco-íris dos portais do céu!
Oh, véu da flor de quando o amor vier!

Inferno é a dor que queima sem amor.
O amor é fogo que arde sem queimar.
Amor que amarga e dói e permanece.
Chama que a alma aquece sem tocar.

Malgrado tudo existe essa esperança
de que o sonho de luto dos enfermos
seja apenas lembrança desse inferno
que jaz eterno dentro de nós mesmos.

Afonso Estebanez 

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