domingo, 27 de novembro de 2016

ÚLTIMA ROSA DO ORIENTE


Se eu tenho que ouvir pela última vez
cantar um riacho escorrendo dolente,
que seja o lamento do amor ou talvez
o fado das águas sem mágoa fluente. 

Não vejo na morte qualquer sensatez 
que leve da vida razão que a lamente
mas vejo na rosa que o tempo desfez
o fado de morte que a vida não sente.

Se tenho que ver sob a luz derradeira
a última rosa que amei como herdeira   
só sinta de amor o penar da consorte.

Se tenho comigo a paixão ressentida, 
qual fora de espinhos o berço da vida
que seja de rosas meu leito de morte.

Afonso Estebanez

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