DEVANEIOS
DA INSÔNIA
O
que faz eterno o instante 
em que você ressurge da noite
coroada a face de sorrisos
é o que me diz o amanhecer 
dos lírios de como já nasci 
de braços abertos.
Já falei a você das folhas que caíram
e do sofrimento levado pelo outono
deixado em cada sombra de seu rosto.
Já mostrei como do fruto renovado
o renascimento da vida é infinito
como o cio das cigarras é o destino
que se cumpre no silêncio da resina.
Você consome o canto e os sonhos 
e os mistérios a esmo desvendados
e deixa esse sinal de impenetrável 
ausência nas minhas mãos vazias...
Mas onde houver a paz dos rios 
tangidos pelos caminhos bebidos 
de minha boca, eu irei beirando
as margens inventariadas no rol 
dos padecimentos...
Só me resta esperar que esta noite
você volte a embalar com beijos
meu sono perdido...
Afonso Estebanez 
 

 





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