terça-feira, 15 de novembro de 2016

DEVANEIOS DA INSÔNIA

O que faz eterno o instante 
em que você ressurge da noite
coroada a face de sorrisos
é o que me diz o amanhecer 
dos lírios de como já nasci 
de braços abertos.

Já falei a você das folhas que caíram
e do sofrimento levado pelo outono
deixado em cada sombra de seu rosto.

Já mostrei como do fruto renovado
o renascimento da vida é infinito
como o cio das cigarras é o destino
que se cumpre no silêncio da resina.

Você consome o canto e os sonhos 
e os mistérios a esmo desvendados
e deixa esse sinal de impenetrável 
ausência nas minhas mãos vazias...

Mas onde houver a paz dos rios 
tangidos pelos caminhos bebidos 
de minha boca, eu irei beirando
as margens inventariadas no rol 
dos padecimentos...

Só me resta esperar que esta noite
você volte a embalar com beijos
meu sono perdido...

Afonso Estebanez 

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