segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

AO PÉ DO FOGÃO DE LENHA






AO PÉ DO FOGÃO DE LENHA

Não conheço ninguém de alma aprumada
que um dia não tenha sentado à beira de um fogão de lenha
para escutar histórias dos antepassados
que ainda viviam na memória.

Histórias de alpinistas de cordilheiras de sonhos
de antigos cavaleiros de estrelas flamejantes
de campeiros de nuvens soltas nas pradarias
do céu deitado no horizonte.

De mulheres que acumulavam silenciosas revoluções no coração.
Rainhas e princesas de seus próprios reinos de verdade...
Elas liam ‘A Moreninha’ e declamavam os ‘Primeiros Cantos’.
Sentiam o perfume da ‘fleur du mal’ e se apaixonavam por Peri.
Eram, a despeito de tudo, mulheres belas, felizes e valentes.
Guardiãs das paixões de seus amorosos bisavós.
Fingiam estar sempre por trás dos grandes homens,
mas estavam sempre à frente ou ao lado deles.
Mulheres que decodificavam a vida:
pariam sem dor
não choravam filhos na guerra
viravam a cabeça dos destinos
e faziam a história acontecer...

Julis Calderon d'Estéfan
(Heterônimo de Afonso Estebanez)


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