sábado, 28 de agosto de 2010

ERVAS SEM JARDIM

Às vezes penso em atear fogo
nas urtigas para que não brotem mais
entre as indefesas anêmonas da vida...
Mas quantas sementes não queimariam
na relva da esperança?... Quantas
à minha imagem e semelhança...

Já tive a infeliz oportunidade
de sepultar muitos amores...
Mas o amor não é instinto que se mate!
Então eu sepulto o meu próprio amor
num canteiro de ervas secas e baldias
das que morrem para sempre
e renascem todos os dias...

Como vivem as heras frágeis
entre as pedras que há em mim...
Pelo menos elas têm o sol da manhã
com o qual confortam suas vidas
sem jardim...

Afonso Estebanez

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