AO CREPÚSCULO
Amada, esse crepúsculo da vida
é a nossa noite sepultando o dia
que envia à melancólica partida
mais tristeza do que melancolia.
Vivemos numa aurora desistida
entre os astros sem aura luzidia
em nostálgica sensação provida
mais de delírio que de nostalgia.
Nós perdemos a bússola celeste
a carta náutica de nossos mares
o júbilo de quem está chegando.
Amor, quiçá do luto se nos reste
a saudade dos cios nos pomares
e a lida de vivermos navegando.
Afonso Estebanez
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