domingo, 22 de janeiro de 2017

FLAGRANTE DE AMOR IMPRÓPRIO


Quantas vezes fui pecador reincidente
ao me flagrar à sós na beira do oceano
exilado no hospício do amor penitente
da paixão delinquente  sem fito profano.
 
Frequentemente a vida me julgou insano
se eu tentava vencer a morte subjacente
no condoente funeral  de um desengano
que se cria nascer do amor sobrevivente.
 
A sós eu cria ser  minh’alma esse deserto
na linha do horizonte cruelmente incerto
para espalhar aos ventos os delitos meus
 
e eu nem mesmo podia cogitar que assim
o exílio voluntário desse amante em mim
era uma forma de falar a sós com Deus!...
 
Afonso Estebanez
(Carinhosamente dedicado à amiga
Lenice Ebert Maziero, por mérito).