sábado, 15 de abril de 2017

QUANDO NASCI


Quando nasci, ‘Mais Um’ era meu nome
Mais um do sangue rubro de imigrantes
Mais um com o dissonhar dos retirantes
Mais um para aditar-se ao que já come.

Mais um para igualar-se aos debutantes
Mais um ao qual louvar sem sobrenome
Mais um que por sonhar terá mais fome
Mais um que deva amar pelos amantes.

Mais um que se ajoelhe como um pobre
Mais um que se levante como um nobre
Mais um que deixe os bosques pela flor.

Mais um que um dia enseje como esteta
Mais um que um dia nasça o meu poeta,
que ame as rosas morrendo por amor...

Afonso Estebanez
ENTRE ROSAS E ESPINHOS


Eu levo a vida como o caminheiro
que afasta pedra bruta do caminho
e como o faz meu velho jardineiro
que isola a rosa íntima do espinho.


Entre rosas e espinhos ‘stou soeiro
de doer imune como eu passarinho
festejando entre o céu e o cativeiro
o reingresso dos pássaros ao ninho.


Eu levo a vida como as corredeiras
polindo pedra ao canto das ribeiras
banhando-me de mágoas sem doer.


Entre rosas e espinhos vou vivendo
tal como amei, vivi, e fui morrendo
sem me iludir do quanto vou viver.


Afonso Estebanez