terça-feira, 25 de novembro de 2008

CANÇÃO DE KÉDMA


CANÇÃO DE KÉDMA

A Kédma chegou-me aqui
do lado esquerdo do peito
e deixou-me uma canção...
Foi tão suave o que ouvi:
o canto do amor-perfeito
entre o peito e o coração...

Nem precisei entendê-la!
Era a voz do cancioneiro
que há nas harpas do luar...
Foi o dom de conhecê-la
e a canção do jardineiro
que escuta a rosa cantar...

E ela é tão doce e louçã
como a fada concebida
no perfume do jasmim...
Kédma acorda de manhã
como quem entra na vida
pela porta de um jardim...

Docemente me convida
pra viver dentro de mim...

A. Estebanez

ANJO MEU


ANJO MEU

Nem alegre nem tristonho
nem chegada nem partida
anjo meu leva meu sonho
mas me deixa minha vida.

Anjo chora quando canta
anjo canta quando chora
anjo meu me desencanta
se me fica ou vai embora.

Algumas vezes me acena
como se estivesse vindo...
Mas é um anjo com pena
da pena de estar partindo.

Quase nunca compreendo
anjo quase compreendido
Mas às vezes não entendo
porque anjo anda perdido...

A. Estebanez

A MENSAGEM


A MENSAGEM

Desliza um pingo de chuva
na folha do pessegueiro...
Na maré do olhar vazante
o horizonte mensageiro...
Descendo a encosta do monte
o cavalo e o cavaleiro.

Um arcanjo a toda a brida
ou um raio perdigueiro...
Rumor de brisa nas águas
o cavalo e o cavaleiro...
O vento em plena algazarra
liberto do cativeiro.

Escorrem pela planície
o cavalo e o cavaleiro
transpondo portal adentro
soergue o punhal guerreiro...
Serpentes relampejando
nos olhos do cavaleiro...

Desliza um pingo de sangue
na folha do pessegueiro...
Na maré do olhar vazante
o horizonte traiçoeiro...
E a noite devora o monte
o cavalo e o cavaleiro...

A. Estebanez