sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

FICTA CONFESSIO

Além de um véu diáfano de luz
jaz inerte minh’alma sepultada
num afeto que ainda me seduz
no êxtase da carne despertada.
Jaz o cio que ainda me conduz
à flora íntima de minha amada
que se despe do látego da cruz
e da veste da vida consumada.
Ela se louva de contentamento
e ritualiza no meu pensamento
este culto amoroso do degredo.
Os desejos estão adormecidos,
mas escuto da lira dos sentidos
soar o amor eterno do segredo.

Afonso Estebanez