segunda-feira, 1 de maio de 2017

MEU LOBO


Meu lobo é essa ausência conspirada
na alcova de minha alma aprisionada
nos escombros de um vasto anoitecer.

O pasmo é que esta noite a liberdade
fez-me gritar mais alto que a saudade
da qual você nem mesmo quis saber.

Eu só sei que meu grito foi de espanto
desta saudade acuada em cada canto
de não sei onde ou como nem porque.

Só sei que foi um grito e tão profundo
que se ouvia no mais além do mundo
meu lobo uivar da ausência de você...

Afonso Estebanez
(Dedicado à talentosa poetisa
e amiga Glorinha Gaivota)
O RESTO É TUDO


Só posso calcular quanto eu perdi
se o futuro disser quanto me resta
com saudade dos anos que eu vivi
esperando morrer na minha festa.

Não sei de quanta ausência padeci
nem de supor o quanto me detesta
o andamento aplicado que esqueci
no bailado da valsa sem orquestra.

Vejo às vezes que todos esses anos
passaram de viver dos desenganos
e dessa dor que foi o meu verdugo.

Mas eu creio que a vida malograda
fez do tempo perdido não ser nada
se o que me resta para mim é tudo!

Afonso Estebanez
(Poema dedicado ao coração de
Maria da Guia – Mary Lovely
onde guardo segredos da razão)