NÃO DIGAM QUE SÓ FALEI DE FLORES
Nunca me envaideci
da estranha ideologia
que me apraz da
tortura lúdica sem dores
dos meus amores não
desfeitos da magia.
E não venham dizer
que só falei de flores!
Naqueles tempos
nossa arma era a poesia
que persuadia o
algoz a nos dever favores
mercê do vinho
envenenado que eu servia
e
não venham dizer que só falei de flores!
Não
era permitido andar em pensamentos
sob
suspeita de quaisquer ressentimentos
e
não venham dizer que só falei de flores!
Disse
de nós – a prostituta envergonhada
dos
poetas proscritos na alma desarmada
e
não venham dizer que só falei de flores!
Afonso
Estebanez