sexta-feira, 24 de outubro de 2008

PRIMEIRA ROSA DE DELOS

PRIMEIRA ROSA DE DELOS

Eu conto as noites e reconto os dias
faço de tudo por chegar com pressa
pelos segredos que a mim contarias
no desempenho de gentil promessa.

E aqueço a alma com as noites frias
padeço dores que o doer não cessa,
enfuno o amor e agito as calmarias
das cinzas frias da paixão confessa.

Encanto flores num chorar de rosas
e pelos olhos das manhãs chuvosas
entro no arco-íris do regato em flor.

E tudo em mim reflete o desespero
por escutar da margem do canteiro
a rosa me chamar de “meu amor”!

Afonso Estebanez
(04.set.2008)

SEGUNDA ROSA DE DELOS

SEGUNDA ROSA DE DELOS

Deixem minha alma florescer na lua
meu remoto canteiro de esperanças
ou me deixem viver num fim de rua
entre rosas baldias sem lembranças.

Saudade de horizontes me extenúa.
Procurem-me nos olhos de crianças
onde o instinto dos deuses retribua
o beijo dos extremos das distâncias.

A calma dos jardins não faz sentido
a flor calada assim não se consente
e rosa num deserto é flor proscrita.

Consinta o coração sonhar perdido
e de perder-se meu amor aumente
o tanto quanto seja a alma infinita.

Afonso Estebanez
(Set.09.2008)

TERCEIRA ROSA DE DELOS

TERCEIRA ROSA DE DELOS

Por causa de uma rosa me debruço
no muro do crepúsculo e entardeço
como a aurora afogada num soluço
da saudade sem pena onde padeço.

Minha rosa é o começo do percurso
ilhado na memória do que esqueço:
partícula de amor onde me embuço
como o pólen da luz onde anoiteço.

Ò, flor mediterrânea! minha calma!
escrava da esperança que suponho
livre ou cativa me serena e acalma

e não é pena se ao amor imponho.
É cativeiro que me prende a alma,
mas é destino que liberta o sonho.

Afonso Estebanez
(Set.16.2008)

QUARTA ROSA DE DELOS

QUARTA ROSA DE DELOS

Procuro-te nos mares mais profundos
que guardo nas memórias navegadas
e ainda sinto teus plânctons oriundos
dos semens primitivos das enseadas.

Algum perfume é de jardins fecundos
e espinhos são das rosas fecundadas
pelo tempo infinito de outros mundos
onde o amor reviveu vidas passadas.

Que a eternidade é breve para a vida
de uma paixão sem termo pertencida
às sementes de amor do meu jardim.

E mesmo que jamais tu me percebas
entre os florais de rosas das veredas
o nosso amor vai se lembrar de mim!

Afonso Estebanez
(Set.29.2008)

QUINTA ROSA DE DELOS

QUINTA ROSA DE DELOS


Hoje em dia ninguém diz mais: eu te amo!
porque convém que apaguem da memória
as lembranças do amor que algum engano
transformou em rascunho alguma história.

Então por quem dizer que ainda me ufano
de morrer-me de amor mesmo sem glória
se o que era sacro vem-me então profano
por quem a renascença é mais simplória?

Sempre cuidei transpor versões proibidas
contra os padrões formais das permitidas
que eu das paixões não descuidei jamais.

Mas os padrões de amor foram vencidos.
Transponho então as flores dos sentidos
e ‘te amo’ entre as roseiras dos quintais!


Afonso Estebanez
(Out.02.2008)

SEXTA ROSA DE DELOS

SEXTA ROSA DE DELOS


De tanto perder lembranças
relembrar deixou-me assim:
deslembrado de esperanças
que se esqueceram de mim.

Perdi os passos das danças
entre andanças do sem-fim
como os olhos das crianças
nos olhos de um querubim.

Um dia eu quis te esquecer
ô, rosa! – meu bem-querer
entre os espinhos da sorte.

Mas fui canto e passarinho
no aconchego de teu ninho
onde me esqueci da morte.


Afonso Estebanez
Out.05.2008)

SÉTIMA ROSA DE DELOS

SÉTIMA ROSA DE DELOS

O meu amor maior foi da intangível
razão de amar que por amor já tive
e me veio em regresso imprevisível
dos sonhos idos onde nunca estive.

O amor maior é fruto do impossível
que a despeito da morte sobrevive.
Procuro então num elo inconcebível
o espírito da rosa que em mim vive.

Se a rosa existe, tanto amor existe
e mesmo que esperar pareça triste
de triste não pereça quem me quer.

É esse dom que meu amor procura
nos milagres sem causa da ternura
dos instintos de rosas da mulher...


Afonso Estebanez
(Out.09.2008)

OITAVA ROSA DE DELOS

OITAVA ROSA DE DELOS

Seja-me dada uma canção amena
a flauta do cantar d’água corrente
que destila da mágoa toda a pena
que meu amor ingênito não sente.

Seja-me ouvida a cítara de alfena
arco recurvo de tua alma ausente
onde me dói essa paixão extrema
por uma rosa extrema do oriente.

Pelo amor do princípio que me fez
meus dias de rever-te sejam teus
e minhas tantas horas desditosas.

Seja-me dado ao menos uma vez
repousar no teu corpo como deus
em mortalha de pétalas de rosas.


Afonso Estebanez
(Out.13.2008)

NONA ROSA DE DELOS

NONA ROSA DE DELOS

O que se diz do adeus do pôr-do-sol
se amanhã de manhã ele é alvorada
transcendente das cinzas do arrebol
aos meus dias de aurora restaurada.

E não se fala em bruma sem o farol
de teus olhos de estrela despertada
entre as nuvens dobradas do lençol
de tua alma de aurora reencarnada.

Que me encante a ventura de viver
das venturas constantes de morrer
sem o tédio da espera em que vivi.

Agora estou aqui como uma quilha
de algum barco de brisa nesta ilha
entre a rosa e o jardim onde morri.


Afonso Estebanez
(Out.20.2008)

DÉCIMA ROSA DE DELOS

DÉCIMA ROSA DE DELOS


Não te entristeças só porque pareço
estar de volta de um adeus no cais!
Olhos tão tristes são porque padeço
do preço eterno de te amar demais.

Teu ser é ilha onde meu ser avesso
renasce pássaro entre os espinhais.
Mas só de rosas no meu ser pereço
morrendo tanto quanto os imortais.

O mar! é esse caminho estacionado
no templo do arquipélago ancorado
nas veredas em paz dos vendavais.

E minha rosa é a última e primeira
que transcendeu a vida passageira
dos amores que não viveram mais!


Afonso Estebanez
(Out.24.2008)

DÉCIMA ROSA DE DELOS

DÉCIMA ROSA DE DELOS


Não te entristeças só porque pareço
estar de volta de um adeus no cais!
Olhos tão tristes são porque padeço
do preço eterno de te amar demais.

Teu ser é ilha onde meu ser avesso
renasce pássaro entre os espinhais.
Mas só de rosas no meu ser pereço
morrendo tanto quanto os imortais.

O mar! é esse caminho estacionado
no templo do arquipélago ancorado
nas veredas em paz dos vendavais.

E minha rosa é a última e primeira
que transcendeu a vida passageira
dos amores que não viveram mais!


Afonso Estebanez
(Out.24.2008)