quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"PSICOFOTOGRAFIA"


"PSICOFOTOGRAFIA"


Há o sabor acre do pranto
o amor rústico das vinhas
e há o êxtase dos cânticos
das almas das andorinhas...

Há o amor dos namorados
o enlace das almas gêmeas
entre eflúvios perfumados
dos canteiros de alfazemas...

E amores chegam de trem
ou nos destinos das cartas
às vezes chegam do além
no murmúrio das cantatas...

E apesar dos desencantos
o ofício das bem-amadas
é de haver os reencontros
das almas desencontradas...

A. Estebanez

ROSAS PARA LUÍZA (Balada)


ROSAS PARA LUÍZA
(Balada)

Primavera antecipada
pelo perfume da brisa
entrego nesta braçada
de rosas para Luíza...

Não as rosas impossíveis
que meu sonhar improvisa...
São rosas imperecíveis
dos sonhares de Luíza.

E essas flores tão pálidas
bordadas na manta lisa
não parecem rosas cálidas
como essas para Luíza...

Rosas rubras dos jardins
da vereda onde ela pisa...
Plumagens de querubins
junto ao berço de Luíza.

Cantigas-de-rosas são
como sons de realejos
acordes de uma canção
numa ciranda de beijos.

É de bênçãos a oração
e minh’alma profetiza:
é de Deus essa canção
de rosas para Luíza...

A. Estebanez

SEGREDOS DA INSÔNIA I


SEGREDOS DA INSÔNIA
I

Até que a noite faça agonizar-me o sono
meu coração ainda insiste em pressentir
ruídos de batidas nos porões da insônia...
Mas sei que me é possível resistir!

São pesadelos reencarnados do passado
morto... Fantasmas de navios ancorados
nos cais abandonados das ilhas de mim...
E sei que me é possível resistir!

Até que em morte acorde e eu adormeça
ainda sinto adormecidas sensações de ti...
De um lugar assombrado em minha vida
de onde sei que é possível resistir!

Ô, mulher-menina que perdi na infância
canção de bem-querer do quanto padeci...
Uma certa saudade vadia sem distância
e ainda assim me é possível resistir!

A. Estebanez