domingo, 27 de novembro de 2016

ÚLTIMA ROSA DE SAROM



Além dos muros do meu coração aberto
os cantares das rosas que plantei no pó
são sensações da primavera no deserto 
aquém dos muros dos jardins de Jericó.

E sou a Rosa de Sarom em teu desperto
coração tão infenso ao estar morto e só
em que se cumprirá o antigo manifesto
das rosas castas dos jardins de Jericó... 

Bendito quem deixou as trevas pela luz
por ter plantado rosas no lugar da cruz
entre os canteiros dos jardins de Jericó

de onde a última Rosa de Sarom voltou
para ascender ao Pai a rosa que restou 
além dos muros dos jardins de Jericó... 

Afonso Estebanez 
ÚLTIMA ROSA DE DELOS



Conheço as flores como a rosa o espinho
o trigo ao pão do amor que me alimenta,
em meus vinhedos sou do fruto ao vinho
a abundância do amor que te contempla.

És o princípio e o fim de um só caminho
no mistério do encanto que me inventa:
no horizonte do olhar de um passarinho
esplende a luz do amor que te contenta.

Não mais pressentimentos de distâncias
nem mais esse pesar das circunstâncias
de almas gêmeas em mundos paralelos.

Se um tempo aqui nascemos e vivemos
e aqui morremos, sim!... e morreremos
como as rosas de pedra, mas de Delos!

Afonso Estebanez
ÚLTIMA ROSA DO ORIENTE


Se eu tenho que ouvir pela última vez
cantar um riacho escorrendo dolente,
que seja o lamento do amor ou talvez
o fado das águas sem mágoa fluente. 

Não vejo na morte qualquer sensatez 
que leve da vida razão que a lamente
mas vejo na rosa que o tempo desfez
o fado de morte que a vida não sente.

Se tenho que ver sob a luz derradeira
a última rosa que amei como herdeira   
só sinta de amor o penar da consorte.

Se tenho comigo a paixão ressentida, 
qual fora de espinhos o berço da vida
que seja de rosas meu leito de morte.

Afonso Estebanez