terça-feira, 28 de abril de 2009

DE ALMA NO VENTO...

DE ALMA NO VENTO...

DE ALMA NO VENTO...

Ainda que seja só em pensamento
não me procurem onde não estou.
Eu não fiquei no cântico do vento,
pois a canção do tempo me levou.

Talvez meu coração tão desatento
não tenha percebido o que passou.
Ainda que seja só em pensamento
não me procurem onde não estou.

Eu não estou num doce desalento
por amor tão sonhado que passou.
E nem estou num agridoce alento
de sonhar o que o sonho recusou.

Não me procurem onde não estou
ainda que seja só em pensamento.
Morre o corpo num resto que ficou
de minha alma levada pelo vento.

Afonso Estebanez – 28.04.2009
(Dedicado a Maria Madalena Cigarán Schuck
– pelo seu aniversário – pleito de gratidão pela
divulgação de minha poesia no sul do país)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O VERDE VALE DA MINHA CIDADE

O VERDE VALE DA MINHA CIDADE

O VERDE VALE DA MINHA CIDADE

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É o ribeirão exausto procurando
no remansoso coração da tarde
silenciar-se de chegar cantando
ao verde vale da minha cidade...

Pernoita a lua atenta no telhado
das casas onde tênue claridade
revela o amor em pelo revelado
no verde vale da minha cidade...

A saudade se dói de andar à toa
no lado vago de minha saudade
de ver o trem sumindo na garoa
do verde vale da minha cidade...

Ha canteiros de rosas e jacintos
no caminho da vaga eternidade
da orla dos ribeiros não extintos
no verde vale da minha cidade...

A paz daqui é como eterno bem
para quem vive com a liberdade
de já não precisar de nada além
do verde vale da minha cidade...

Afonso Estebanez
(Dedicado à eminente professora cantagalense
Anabelle Loivos Considera C. Sangenis/UFRJ)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ASTRONÁUTICA

ASTRONÁUTICA

ASTRONÁUTICA

No leito de lançamento
do teu corpo ao universo
ponho todo o sentimento
do meu amor inconfesso,
e não me tragas respostas
para as falsas impressões
de tantas culpas impostas
por minhas contradições.
Por amor poetas mentem
quando falam de sua dor
e falando que não sentem
do que sentem por amor.
Peço só que tu me tragas
da alma cósmica de ti
uma das estrelas vagas
onde sempre me perdi.

Afonso Estebanez
(Poema dedicado à solidária amiga
Márcia Silva Marcelino Ramos)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

NA BEIRADA DO CAIS

‘DOCEPOEMA’: UM TRIBUTO A CORA CORALINA

‘DOCEPOEMA’: UM TRIBUTO A CORA CORALINA

‘DOCEPOEMA’:
UM TRIBUTO A CORA CORALINA

Eu sou o amor fiel das coisas simples
das conversas da brisa com a aurora.
Os realces dos brilhos sem requintes
que há nos rubis dos brincos
das amoras...
E eu sou a flor servil daqueles pomos
que saciam os sonhos das quimeras,
os frutos de verão dos meus outonos
entre o último estio
e as primaveras...
Guardo no corpo de jardins agrestes
as linhas de um poema à flor da pele
escrito pelas mãos do amor silvestre
para que em mim o amor
mais se revele...
Fiz com saudade a ponte da subida
deixei rosas na encosta das colinas.
Com coisas simples confeitei a vida
na doce lida de ser
Cora Coralina...

Afonso Estebanez
(Dedicado à comunidade *Poemas à Flor
da Pele* - Ger. Poetisa Soninha Porto/BR)

terça-feira, 21 de abril de 2009

AMOR DE CORPO INTEIRO

NA BEIRADA DO CAIS

NA BEIRADA DO CAIS

Embarcado o poema,
o mar diz ‘nunca mais’...
Solto ou não as amarras
toco ou não meus navios
para longe do cais...

Desembarco o poema,
o mar cala os meus ais...
Assim deixo a saudade
rebocar meus navios
para perto do cais...

Feliz é a hora desmarcada
de pena da dor embarcada
no adeus da beira do cais!

Afonso Estebanez
(Dedicado ao notável poeta fluminense
Rodrigo Octávio Pereira de Andrade –
Cônsul de Poetas del Mundo para Cabo Frio/RJ
e Membro da Academia Cabista de Letras,
Artes e Ciências de Arraial do Cabo-RJ).

quinta-feira, 16 de abril de 2009

AMOR DE PRIMAVERA

AMOR DE PRIMAVERA

AMOR DE PRIMAVERA

O amor como a primavera
é um estado de vida urgente
que não deve ser esperado
como chuva de verão...
Não, amor, não deve não!

É necessário levantar bem cedo
(enquanto a aurora dorme ainda)
e partir à procura do amor
nas lonjuras do coração...
Antes que chegue o verão!

Bom levar a vida bêbada
num traçado de brisa ao ponto
que ao sonho a alma se junta...
Antes que seja tão tarde
e ao amor pareça nunca!

Afonso Estebanez
(Dedicado à poetisa Sônia Medeiros Imamura
*Cônsul de Poetas del Mundo em Búzios/RJ)

NONA ROSA DE SAROM

NONA ROSA DE SAROM

NONA ROSA DE SAROM

Eu vivo como quem nas pétalas das rosas
transcreve um êxodus de roseirais em flor
onde as fugas de amor por vias dolorosas
conduzem rosas para um canaã de amor.

O encanto da paixão por vias espinhosas
entre as rosas não é mais símbolo de dor
onde os lírios da fé são flores milagrosas
da Rosa de Sarom em todo o resplendor.

Faço de rosas o óleo santo das candeias
que faz fluir a lume o sangue pelas veias
a estes jardins em festa no meu coração.

Todo o que crê nas rosas nunca morrerá
que a primavera é o jeito do que nascerá
de crer na rosa muito mais que na razão!

Afonso Estebanez

terça-feira, 14 de abril de 2009

MEU PLANETA HABITÁVEL

MEU PLANETA HABITÁVEL

MEU PLANETA HABITÁVEL

Pelo menos uma vez na vida
permito que meu coração avesso
seja o único planeta habitável
da via-láctea farta de mim...

Deixo encostado o portão do meu jardim
e entro em casa pelos fundos de minha alma
para não sujar o tapete da porta de entrada
preparado para quando chegar a primavera...

Todo amor começa com a espera...
E enquanto você não chega,
faço do instante mais eterno
o mais breve momento
de você chegar...

Não importa se demorar...
A certeza me é o bastante
e você me vem em pensamento
antes mesmo de chegar...

Afonso Estebanez
(Dedicado à minha notável
amiga La Bianchi – “Bia”)

domingo, 12 de abril de 2009

RESSURREIÇÃO DE MIM...

RESSURREIÇÃO DE MIM...

RESSURREIÇÃO DE MIM...

Quando menino – a vida em preto e branco –
eu era tão humilde que acabava brigando com o Natal,
com a Páscoa e, às-vezes-quase-sempre, até com o dia
do meu aniversário...

Então eu acabei optando por fazer de todos os dias
de minha vida o meu Dia de Papai Noel...
Como não posso distribuir presentes nem chocolates
para todos os encantadores de meu inquieto coração,
distribuo-lhes poemas...

O que hoje faz de mim o primeiro da fila
no dia de ganhar algum presente do amor
que eu tenho pela vida...

Afonso Estebanez
(A todos os encantadores de minha
página – Páscoa de 2009)

MEU LOBO

MEU LOBO

MEU LOBO

Meu lobo é essa ausência conspirada
na alcova de minha alma aprisionada
nos escombros de um vasto anoitecer.

O pasmo é que esta noite a liberdade
fez-me gritar mais alto que a saudade
da qual você nem mesmo quis saber.

Eu só sei que meu grito foi de espanto
desta saudade acuada em cada canto
de não sei onde ou como nem porque.

Só sei que foi um grito e tão profundo
que se ouvia no mais além do mundo
meu lobo uivar da ausência de você...

Afonso Estebanez
(Dedicado à talentosa poetisa
e amiga Glorinha Gaivota)

MODINHA DE AMOR

MODINHA DE AMOR

MODINHA DE AMOR

Meu amor é o sofrimento
que me dói sem padecer
do eterno contentamento
do que morre sem morrer.

É de flores sem espinhos
que não têm do que doer
que se sofre de carinhos
sem que se possa sofrer.

Se não é amor não chora
ou se chora é sem querer
como lágrimas de aurora
nos olhos do amanhecer.

O amor de nada precisa,
só mesmo de acontecer.
Mas se chega não avisa
que sua dor é de prazer.

Afonso Estebanez
(Dedicado à solidária amiga
cearense Vania Gondim)

NÃO PENSA!

NÃO PENSA!

NÃO PENSA!

Quando um sonho bater em tua porta, pensa bem...
Pode até ser que não seja um sonho. Mas pode ser
o último sonho de tua vida.

Quando um anjo bater em tua porta, pensa bem...
Pode até ser que não seja um anjo. Mas pode ser
o único anjo em tua vida.

Quando a brisa beijar a tua face, pensa bem...
Pode até ser que nem seja a brisa. Mas pode ser
o último beijo de uma brisa.

Quando o amor bater na porta de teu coração,
pensa bem... Pode até ser que não seja o amor.
Mas pode ser o único amor de tua vida.

Quando sentires que tu queres entrar em tua vida,
não pensa! Pode ser um sonho, um anjo, um amor
ou, quem sabe, tão somente o beijo de uma brisa.

Mas não pensa! Abra a porta e deixa teu Eu entrar
rompendo as velhas trancas de tua entrada proibida.
Porque esta deve ser a última vez que Deus tenta
entrar para sempre em tua vida...

Julis Calderón & Afonso Estebanez

DOIS AMORES E UM AMOR

DOIS AMORES E UM AMOR

DOIS AMORES E UM AMOR

É apenas mais um ato que termina
cada dia que passa em minha vida
na ribalta do amor que me fascina
onde não há partir nem despedida.

É sabido que eu vivo dois amores
que só vivem do amor indivisível
deste favo de mel de dois sabores
repartido num quântico plausível.

E vivo desse amor feito de calma
da vida calma que só eu suponho
como suponho que viver da alma
seja vida na alma de outro sonho.

Na ribalta do amor que te fascina
onde não há mais hora de partida
é apenas como o dia que termina
cada noite que passa em tua vida.

Afonso Estebanez
(Poema dedicado à notável articulista
da fraternidade virtual Eva Almeida -
“Eva Ama Dois”)

SONETO DO AMOR CATIVO

SONETO DO AMOR CATIVO

SONETO DO AMOR CATIVO

Quantas vezes, querida, apenas desejei
sonhar para viver do sonho que não tive
por falta de razão em tudo o que sonhei
vivendo por capricho onde jamais estive.

Querida! Quantas vezes eu então tentei,
mas nunca consegui viver como se vive
despertado do sonho que não despertei
como o teu pássaro cativo, mesmo livre.

E vão entardecendo nossas esperanças
num funeral tardio de letais lembranças,
a despeito da vida que ainda pulsa nele.

E não me doa mais o amor de cativeiro:
se este sonho ficar, seja ele derradeiro.
E se ficar o amor, eu vou ficar com ele!

Afonso Estebanez
(Dedicado à notável poetisa
Marisa Pasternak “Anjopoesia”)

Saudade de ti...

Saudade de ti...

Saudade de ti...

mudei o gosto
mudei a idade
mudei o rosto
da identidade

mudei de teto
troquei de rua
fui para perto
do fim da lua

mudei o amor
dentro de mim
troquei de flor
do meu jardim

troquei de tudo
mudo eu fiquei
só por vaidade
só não troquei
foi de saudade

Afonso Estebanez
(Dedicado com carinho à amiga
Maria do Carmo Mara)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

TUDO MENTIRA

TUDO MENTIRA

TUDO MENTIRA

Eu não fico de mal com minhas rosas
pois que é tudo mentira dos espinhos
que há na intriga das flores invejosas
das urtigas que beiram
meus carinhos.

É meu fado entre as flores amorosas
cuidar que os desencantos do jardim
reencantem-se das flores generosas
do canteiro de rosas
que há em mim.

Tudo mentira, as urzes são formosas
se como as rosas são compadecidas
da flor entre as escarpas pedregosas
do deserto de amor
de nossas vidas.

Afonso Estebanez
(Dedicado à minha querida e doce irmã
Vera Lúcia Stael Paris – Ver@ P@ris)