segunda-feira, 17 de abril de 2017

DO ABISMO DE ROSAS


Das rosas canto a mística indulgência
do hodierno epicurismo sem lamento,
num abismo de rosas vive a ausência
como dor que se dói sem sofrimento.

Do perfume de rosas sinto a essência
de eu gemer sem sofrer padecimento
como quem morre vivo da ocorrência
do amor n’um íntimo contentamento.

Já do meu berço eu concebi das rosas
de meu quarto em cortinas vaporosas
que as que eu via era somente o mito.

Mas as rosas do abismo que reinvento
são essas que da terra ao firmamento
ficam no chão, mas moram no infinito!

Afonso Estebanez
 (17.04.2017