quinta-feira, 30 de março de 2017

PASTOREIO V


Numa vida eu fui pastor
noutra vida fui a ovelha
hoje sou como centelha
de dar paz ao desamor.
Pastor, eu tive o relento
ovelha, os fios do vento
com um sopro de calor.

Hoje sou meu jardineiro
cortejando a minha flor,
a quem dei o meu amor
na orla do meu canteiro.
Lá restei-me ao coração
que foi vinho e foi o pão
do convívio hospitaleiro.

E quando recorro ao fim
sobre o vazio dos meios
e seus meros devaneios
de rosa nascida em mim
vejo que nada é perfeito
ou talvez seja meu peito
algum canto de jardim...

Afonso Estebanez