sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

NO TEMPO DOS CARRIS


Longos traços paralelos de luz na noite chovida
alguém saltando do tempo de paradas proibidas...

O asfalto molhado esconde as vísceras exumadas
do penúltimo bonde no trajeto da última parada....

O boêmio cede o lugar à menina do Endofórmio,
alegria do lar que virou Moça do Leite de Rosas.

Uma virgem oculta o corpo numa aurora boreal...
Faço a barba diariamente com Gilette e Mitsuba 
Flor de Cheiro no final...
Melhoral, Melhoral,
é melhor e não faz mal...

Era o nada um fim de curva rua turva e profunda
e um final de esperança na lembrança vagabunda...

Afonso Estebanez