domingo, 19 de fevereiro de 2017

A MAGIA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA
OFICINA – MODULAÇÃO INTERATIVA – 07
*OPÇÃO PELO CONCEITO DE POESIA*


Ao tratarmos do assunto ‘conceitos de poema e poesia’ no módulo pertinente, abrimos um horizonte necessariamente vasto à penetração do nosso próprio pensamento a respeito desse fato cultural, na expectativa de que, a qualquer momento ou em algum lugar da história da arte literária, devemos encontrar alguma similaridade entre os conceitos já firmados pelos estudiosos do assunto e o nosso conceito individual próprio a despeito do mesmo tema, até hoje tido como um ‘enigma’. Isto é proposital e tem finalidades didáticas ao estudo ‘simplificado’ e ‘sem medo’ da arte de escrever. Vimos que os dicionaristas/filólogos – principais responsáveis pela definição objetiva do fenômeno milenar da poesia – não deram conta de uma definição pacificadora do termo cantado e decantado pelos gregos. Vimos também que os estudiosos professos se arriscam a uma ‘explicação’ singular da poesia, mas lhe não conferem caráter de ‘definitividade’, como soe acontecer com os princípios da matemática e da física. Nossos estimados interessados definem: ‘A poesia, é uma arte de escrever em versos com emoção e muita sensibilidade, e somente pessoas divinamente agraciadas com esse dom são capazes de grandiosas obras literárias’. Eis a excelência de sua ‘atitude’. Podemos afirmar até que POESIA É UMA ATITUDE DA ALMA HUMANA. Mas já abordamos o assunto no módulo adequado, que já esteve em andamento nesta Oficina. Porém, não sem antes revelar antecipadamente aos estimados amigos escritores que sua definição pessoal de poesia é uma das que mais tem-se aproximado do conceito que desde então passamos a adotar, com pequenas restrições: “Forma de expressão linguística em que se revela uma particular visão do mundo, apelando mais para a emoção do que para a inteligência, através de uma seleção vocabular essencialmente metafória” (Antônio Houaiss, in ‘Pequeno Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse’, Editora Larousse do Brasil, 1987, Rio de Janeiro). Até lá, estimados seguidores interessados.

Afonso Estebanez 
CHUVA DE ROSAS


A abóboda do templo era pintada
de céu azul com anjos bizantinos.
Da marcha nupcial já consumada
ouvia-se o tom triste dos violinos.

Mas um dilema trai a diva amada
no ato da união de seus destinos,
e o coração confesso em abalada
sorte, rompe os enigmas sibilinos.

Eis a outrem amava além da vida
e não ousava mais ser pertencida
a amor a quem devia dizer ‘não’.

De repente seus lábios cor de mel
sorriram para o que vinha do céu:
uma chuva de rosas vem ao chão!

Afonso Estebanez
ENTRE A FLOR E A LUZ 


Acredito que a maioria dos humanos adquiriu, por instinto ou cultura, desde o nascimento, o hábito de ver as coisas de fora para dentro, sem que consigam observar um terço do que se encontra no profundo delas. Como acontece com o cérebro condicionado. Preocupado com isso, desde a infância, eu procurava, em silêncio e conscientemente, enxergar as coisas ao meu redor de dentro para fora. Foi quando descobri a poesia que defino como a alma de dentro para fora. Acontecia de eu observar subjetivamente o que, segundo o imaginário, era objetivo. Olhava-me no espelho e observava se eu era mesmo aquela imagem que via ou se eu era apenas aquela imagem que eu pensava que via. Portanto, eu não falo nem vejo através de códigos. Eu 'penso' em códigos, na maioria das vezes poéticos. E dava uma olhadinha em Paulo, Coríntios 13, 1-13 para ‘pensar o amor’ como atitude da alma.


Nunca escrevo nada que possa parecer solução. Solução é dever de casa obrigatório, não servindo a ninguém que não medita sobre o resultado a serviço dou outro ser humano. A pergunta, sim, faz com que me questione a mim mesmo, como a relação mais importante do meu questionamento. Estou divulgando esta mensagem para meus semelhantes, já que o maior inimigo do espírito é o medo! Em minha busca, o encontro está em que devo me convencer de que o medo não faz parte de mim. Na imagem de uma rosa vermelha sob a luz das velas pode haver a ilustração desta descoberta. Não é a luz das velas que dá existência à rosa, é a rosa, com sua luz própria, que exalta a possibilidade de existência material da luz das velas. Então, a rosa é o sujeito mais importante da relação entre a flor e a luz, elucidando-me que “Poesia é a alma de dentro para fora”...



Afonso Estebanez