sexta-feira, 18 de novembro de 2016

AMOR SAPIENS
(Cena II)



Por mais que tentes abrir as janelas
de minha vida, não verás senão fragmentos
de antigas auroras no crepúsculo de mim...
Ou de estrelas cadentes que se removeram
da via-láctea de meu destino desdobrado
em direção a horizonte nenhum...

Tudo o que sabes de mim
é o que pensas que sabes de mim.
Se me tiras o que te não dou, tiras somente 
aquilo com que ficas. E o que tiras não é o amor 
que permanece como o eco sufocado
na garganta da montanha...

Não podes tirar-me esse amor andarilho
que vaga noite e dia no meu vasto coração.
Não podes tomá-lo de meu peito!
Eu sou parte da comunhão dos pássaros
que tu apenas sabes de algum tempo 
e nada mais...

Eu sou o reencontro
e sou o desencontro
e sou aonde vais...

Afonso Estebanez 

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