sábado, 25 de fevereiro de 2017

A MAGIA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA
OFICINA – MODULAÇÃO INTERATIVA - 08
*EM BUSCA DE ESTILO*


No âmbito das orientações a que nos propusemos passar, ainda não atingimos a parte relativa à ‘estilística’ ou ao ambicionado ‘estilo’, matéria que deverá ser abordada mais à frente. Estamos ainda no a-bê-cê de nossos estudos, seja numa breve e sucinta explanação sobre ‘conceitos’ (ou ‘definições’ como querem alguns equivocadamente) de ‘poesia’ e ‘poema’. Todavia, vamos tentar prestar algum esclarecimento face às suas indagações, de modo que a todos aproveite. A oficina já forneceu aos seus interessados três módulos iniciais, que devem ser estudados, analisados e submetidos a um consenso quanto ao seu aproveitamento com eficácia. Desde logo já se tem observado que nós usamos o pronome de tratamento no plural, eis porque, nestas circunstâncias, não apreciamos os ‘eumismos’ como regra de comunicação ‘erga omnes’ (entre todos). Ao assunto: referindo-se a uma ‘Obra em prosa em que há ficção e estilo poético’, uma interessada no tema indaga: “Onde se enquadra o que faço? Acho que isso define o que escrevo. Não sei quanto ao estilo, mas acho que é por ai, estou certa?”. E depois, diante da colocação que fizemos, seja ‘(..) confessando-nos face a face com um enigma que, a despeito de todas as ciências humanas, de todos os conhecimentos adquiridos pelo homem e das experiências vividas em todos os tempos pela humanidade, continua enigma!’, a estimada amiga volta a indagar: “O que continua um enigma, não entendi?”. E, por fim, quando nos referíamos à ‘Magia da Expressão Literária’ como produto de habilidade, talento, equilíbrio e harmonia, a amiga interagente indaga mais uma vez: “(...) acredito que tenho habilidade, até talento, o que fazer quanto sinto que falta equilíbrio e harmonia? Me fala? Se transforma em que, em tentativas disformes ou egocentrismo?”. Bem, respondemos com o uso de texto da própria interagente: “(...) pra que a sensibilidade flua em contradança com o amor, transcendendo o espaço, o tempo, a alma, como um jorro de luz, num surgir absoluto, sem medo, sem vergonha, liberto, apenas humano, apenas... Ser!”. Destacamos a figura de linguagem: “... pra que a sensibilidade flua em contradança com o amor” (...). No texto em destaque, a interagente, consciente ou inconscientemente, usou um recurso técnico de estilística conhecido como ‘impressionismo’ literário, o que ocorre quando as sensações invocadas são reveladas sem qualquer análise ou investigação quanto à autenticidade dos estímulos, se reais ou ilusórios. Este recurso é usado para causar efeito meramente estético, sem nenhuma preocupação analítica quanto à lógica da expressão. Nele, a noção do tempo é imprecisa, como num eterno fluir. Em geral as frases são curtas, sem preocupação com o nexo gramatical. A maioria dos textos da referida interagente, senão todos, mostra-se tendente a um encontro não muito distante com o estilo impressionista, a despeito da ausência de evidentes ‘propósitos poéticos’ em seus escritos, mais reveladores de traços da personalidade literária, do que da exclusivamente poética. Nada mais podemos revelar, por motivos éticos e de respeito à ‘busca’ empreendida pela interessada. Lembra-me o insigne poeta viajante Tchello d’Barros: “Buscai primeiro uma poética pessoal e todo o restante vos será acrescentado!” Quanto ao uso do termo ‘enigma’, foi para situar a ‘definição objetiva do fenômeno da poesia’ no patamar da transcendentalidade: o que se diz de onde se encontra tudo o que ultrapassa os limites da razão extraída da experiência humana. Quanto ao ‘equilíbrio’ e à ‘harmonia’que a poetisa interessada sugere faltar-lhe, respondemos que não é bem assim, desde que se tenha a arte de escrever ‘sem medo’como resultado do longo exercício da mente em busca da luz da sabedoria baseada na simplicidade, na paciência e na lealdade de propósitos. Já que o Aristóteles estaria sendo vencido pela velocidade do poder da tecnologia da comunicação humana, celebremos, cada um no todo, o amor que o imortal filósofo grego sustentou: ‘NOS AMAMUS QUIA VISUM PLACET’ – A arte do amor ao que é belo, estético e eterno... 

Afonso Estebanez 

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