segunda-feira, 14 de novembro de 2016

UMA FLOR AINDA ME RESTA

Meu coração ainda não pulsou refeito
daquele amor ferido que me despojou
do sonho reluzido que restou desfeito
no jazigo do peito onde me confinou.


Do cântico do mar insone se fez leito
a noite de penar onde me deito e vou
no destino dos barcos a tirar proveito
a despeito dos dias que a maré levou.


Só eu posso tirar o véu da eternidade
a alma exaurir com infinita liberdade
e só viver o bem que por amor eu fiz.


Fez-me a vida partícula do universo,
ou pólen da palavra na raiz do verso
o oráculo que faz a flor nascer feliz.

Afonso Estebanez

Nenhum comentário: