segunda-feira, 27 de outubro de 2008

VISÕES DE ALCOVA


VISÕES DE ALCOVA


Que nossas vidas não sejam
entregá-las – mas perdê-las
nas poças sujas dos charcos
em que habitam as estrelas.

Sou o quanto é meu desejo
que à ninguém dei remover
feito um quarto de despejo
que em si coube sem caber.

Mortalhas de nossas almas
sudários de pranto e dores
nossas noites têm a calma
dessas veredas sem flores.

Sem louvor a expectativas
de quem sofre falso e-mail
por quem flores primitivas
nascem pedras de centeio.

Confiscar mágoas sem dor
é o meu jeito de vivermos:
celebrando o próprio amor
com amor pelos enfermos.


Afonso Estebanez

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