
domingo, 26 de setembro de 2010
sábado, 28 de agosto de 2010
POEMA MELANCÓLICO
Não fora a vida imensurável desafio,
viver só por viver não valeria a pena
eis é preciso ouvir e ver passar o rio
entoando com a solidão da lua cheia
uma canção amena.
É necessário reinventar cada jardim
e ver o reflorir que tem a primavera
um se redefinir como princípio e fim
e o que, de súbito, no cio da manhã
se vê pela janela.
Gasto dias sob os arco-íris da garoa
liberado de mágoas em decantação
eis é preciso retornar a quem entoa
esta canção de paz e de melancolia
no vasto coração.
Quantas vezes perdi o último navio,
e vi o cais vazio, o que vivi desfeito.
Mas a despeito desse cântico tardio
meu coração por desafio ainda vive
cantando no meu peito.
Afonso Estebanez
viver só por viver não valeria a pena
eis é preciso ouvir e ver passar o rio
entoando com a solidão da lua cheia
uma canção amena.
É necessário reinventar cada jardim
e ver o reflorir que tem a primavera
um se redefinir como princípio e fim
e o que, de súbito, no cio da manhã
se vê pela janela.
Gasto dias sob os arco-íris da garoa
liberado de mágoas em decantação
eis é preciso retornar a quem entoa
esta canção de paz e de melancolia
no vasto coração.
Quantas vezes perdi o último navio,
e vi o cais vazio, o que vivi desfeito.
Mas a despeito desse cântico tardio
meu coração por desafio ainda vive
cantando no meu peito.
Afonso Estebanez
ERVAS SEM JARDIM
Às vezes penso em atear fogo
nas urtigas para que não brotem mais
entre as indefesas anêmonas da vida...
Mas quantas sementes não queimariam
na relva da esperança?... Quantas
à minha imagem e semelhança...
Já tive a infeliz oportunidade
de sepultar muitos amores...
Mas o amor não é instinto que se mate!
Então eu sepulto o meu próprio amor
num canteiro de ervas secas e baldias
das que morrem para sempre
e renascem todos os dias...
Como vivem as heras frágeis
entre as pedras que há em mim...
Pelo menos elas têm o sol da manhã
com o qual confortam suas vidas
sem jardim...
Afonso Estebanez
nas urtigas para que não brotem mais
entre as indefesas anêmonas da vida...
Mas quantas sementes não queimariam
na relva da esperança?... Quantas
à minha imagem e semelhança...
Já tive a infeliz oportunidade
de sepultar muitos amores...
Mas o amor não é instinto que se mate!
Então eu sepulto o meu próprio amor
num canteiro de ervas secas e baldias
das que morrem para sempre
e renascem todos os dias...
Como vivem as heras frágeis
entre as pedras que há em mim...
Pelo menos elas têm o sol da manhã
com o qual confortam suas vidas
sem jardim...
Afonso Estebanez
COMO ENTRE GIRASSÓIS
Devo morrer de lágrima de encanto
não quando toda dor tenha cessado
mas enquanto for pena todo pranto
e o meu amor um canto inacabado.
A vida às vezes cruza o desencanto
com um sonho por vezes sepultado
mas deste luto é que se faz o canto
depois de tudo pronto e terminado.
Ninguém pode olvidar os pesadelos
razões dos fios brancos dos cabelos
ocultos entre as dobras dos lençóis.
Eis neles vão os sonhos docemente
morrendo como morre o sol poente
no horizonte do olhar dos girassóis.
Afonso Estebanez
não quando toda dor tenha cessado
mas enquanto for pena todo pranto
e o meu amor um canto inacabado.
A vida às vezes cruza o desencanto
com um sonho por vezes sepultado
mas deste luto é que se faz o canto
depois de tudo pronto e terminado.
Ninguém pode olvidar os pesadelos
razões dos fios brancos dos cabelos
ocultos entre as dobras dos lençóis.
Eis neles vão os sonhos docemente
morrendo como morre o sol poente
no horizonte do olhar dos girassóis.
Afonso Estebanez
sábado, 31 de julho de 2010
VERSOS LEVIANOS
Sou o teu rio de mágoas
De lua cheia me inundo
E morro nas águas rasas
De um oceano profundo.
Colho flores numerosas
Da pedra da minha vida
E sei das tolas mimosas
De alguma rosa suicida.
No escombro da poesia
Há ninhos e andorinhas
E o chão da erva esguia
Por onde nua caminhas.
No jardim de sepulturas
Há as juras que nem fiz
Dos afetos e as ternuras
Que me deixaram feliz.
Afonso Estebanez
De lua cheia me inundo
E morro nas águas rasas
De um oceano profundo.
Colho flores numerosas
Da pedra da minha vida
E sei das tolas mimosas
De alguma rosa suicida.
No escombro da poesia
Há ninhos e andorinhas
E o chão da erva esguia
Por onde nua caminhas.
No jardim de sepulturas
Há as juras que nem fiz
Dos afetos e as ternuras
Que me deixaram feliz.
Afonso Estebanez
A ROSA E O TEMPO
Esta é a mão da minha alma,
mão que planta e colhe flor!
É minh’alma é minha palma
é concha em forma de amor.
Esta é a rosa que traz calma
malgrado o espinho da dor!
É flor que atine sem trauma
para a cruz de um desamor.
Esta é a flor do pensamento
onde o amor chega discreto
como um raio de esperança.
Rosa é um jardim do tempo
em que o meu amor secreto
jaz-me eterno na lembrança.
Afonso Estebanez
mão que planta e colhe flor!
É minh’alma é minha palma
é concha em forma de amor.
Esta é a rosa que traz calma
malgrado o espinho da dor!
É flor que atine sem trauma
para a cruz de um desamor.
Esta é a flor do pensamento
onde o amor chega discreto
como um raio de esperança.
Rosa é um jardim do tempo
em que o meu amor secreto
jaz-me eterno na lembrança.
Afonso Estebanez
terça-feira, 27 de julho de 2010
QUINTA ROSA DO ORIENTE
Uma rosa!... Ah, ninguém sabe fazer...
Até Deus na invenção da quintessência
implantou-me o saber sem consciência
de que as flores dependem de nascer...
Nem mesmo a luz do mar no alvorecer
prediz como uma rosa é esta iminência
de um renascer em mim sem paciência
como se em mim não fosse mais viver.
Não! O mar pode ter os seus caminhos
mas entre rosas cruzam-se de espinhos
pois que nem só de flor me leva a vida.
Uma rosa!... Ah, ninguém sabe fazer...
Nem mesmo Deus pela razão de eu ser
uma espécie de adeus sem despedida...
Afonso Estebanez
Até Deus na invenção da quintessência
implantou-me o saber sem consciência
de que as flores dependem de nascer...
Nem mesmo a luz do mar no alvorecer
prediz como uma rosa é esta iminência
de um renascer em mim sem paciência
como se em mim não fosse mais viver.
Não! O mar pode ter os seus caminhos
mas entre rosas cruzam-se de espinhos
pois que nem só de flor me leva a vida.
Uma rosa!... Ah, ninguém sabe fazer...
Nem mesmo Deus pela razão de eu ser
uma espécie de adeus sem despedida...
Afonso Estebanez
terça-feira, 20 de julho de 2010
HORIZONTE DA INFÂNCIA
Construo um navio com nuvens da infância
e meu sonho navega num céu de saudade.
O sol colhendo amoras no sítio da alvorada
um velho engenho recendente da garapa
jorrando da moenda de aroeira adocicada.
As batidas inocentes pelos clarões do céu
e as colinas de assa-peixes floreando paz.
As quaresmeiras roxas, os ipês frondosos
a sombria constância das estradas baldias
os capoeirões dos carrancudos cambarás.
O canto triste dos carros-de-boi cá dentro
do meu peito onde escuto bater a solidão
das porteiras dos apriscos de minha alma
de plantão no abismo da doce melancolia
que assiste o fazendeiro do meu coração.
Construo um navio com nuvens da infância
e meu sonho navega num céu de saudade.
Do murmúrio infantil das águas cristalinas
do crepúsculo nas calmarias do horizonte
por onde fluem os ribeirões da liberdade.
Afonso Estebanez
e meu sonho navega num céu de saudade.
O sol colhendo amoras no sítio da alvorada
um velho engenho recendente da garapa
jorrando da moenda de aroeira adocicada.
As batidas inocentes pelos clarões do céu
e as colinas de assa-peixes floreando paz.
As quaresmeiras roxas, os ipês frondosos
a sombria constância das estradas baldias
os capoeirões dos carrancudos cambarás.
O canto triste dos carros-de-boi cá dentro
do meu peito onde escuto bater a solidão
das porteiras dos apriscos de minha alma
de plantão no abismo da doce melancolia
que assiste o fazendeiro do meu coração.
Construo um navio com nuvens da infância
e meu sonho navega num céu de saudade.
Do murmúrio infantil das águas cristalinas
do crepúsculo nas calmarias do horizonte
por onde fluem os ribeirões da liberdade.
Afonso Estebanez
quarta-feira, 7 de julho de 2010
PÁGINA ABERTA
Amanhã eu vou embora
mas sabes que vou ficar
como parte da memória
que não consigo apagar.
É a magia é como o viço
do vício da brisa e o mar
é a cantiga de um feitiço
que não deixo de cantar.
Amanhã tu vais embora
mas eu sei que vais ficar
como página da história
que jamais pude fechar.
Afonso Estebanez
mas sabes que vou ficar
como parte da memória
que não consigo apagar.
É a magia é como o viço
do vício da brisa e o mar
é a cantiga de um feitiço
que não deixo de cantar.
Amanhã tu vais embora
mas eu sei que vais ficar
como página da história
que jamais pude fechar.
Afonso Estebanez
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