sábado, 11 de fevereiro de 2017

A MAGIA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA
OFICINA – MODULAÇÃO INTERATIVA - 02
*QUEBRADO O TABU DAS FORMAS FIXAS*


Afirmamos no módulo 01 ser ‘... sensato que nos atenhamos (...) ao ofício da materialização linguística da poesia e da elucidação de alguns de seus mistérios, através do culto à cumplicidade, à lealdade e à simplicidade de expressão poética’, e garantimos, ainda, não existir ‘metodologia ou cartilha específica para o ofício de poeta’. Firme-se, pois, coerência com objetivo inicialmente traçado no frontispício desta página, seja o de ‘prestar auxílio cultural (...) aos interessados em iniciar na arte da criação literária no âmbito da poesia, através de estímulos especiais que visem à desobstrução do medo resultante da inibição, da timidez, da discriminação de qualquer espécie e de outros fatores de exclusão dos indivíduos do processo de autoafirmação sociocultural’. Temos, pois, que os valores conceituais das ‘regras’ ou ‘técnicas’ das chamadas ‘formas fixas’ não se incluem mais no elenco da matéria prima indispensável à criação artística ou na obtenção do êxtase estético de uma obra literária no mundo contemporâneo, também dito ‘atemporal’. Muitos intelectuais ainda nos servimos de tais recursos e valores, porque eles, por outro lado, nunca perderam a eficácia como estimulantes em face dos desafios da arte através dos tempos. Mas as diversas ‘vanguardas modernistas’ da história da literatura conseguiram ‘desnaturalizar’ esse gênero de produção artística, abrindo novos horizontes antes negligenciados. E esse fenômeno ‘evolutivo’ ocorreu acentuadamente no campo da poesia: do século XII (Poesia Provençal, Dante Alighieri e Francesco Petrarca) até o século XVII, consolidaram-se diversas ‘formas de poesia escrita’ adequadas às línguas modernas que serviram de ‘asas’ da fênix de sua evolução técnica. E no século XIX, tais formas de poesia – como o soneto – transformaram-se em ‘naturais’ e infringir suas regras constituía uma ofensa canônica irremediável. Modernamente, isso deixou de ser assim definitivamente, pois a arte do soneto foi ‘desfetichizada’. E ainda voltaremos ao assunto...
Afonso Estebanez

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