ÚLTIMA
ROSA DO ORIENTE
Se eu tenho que ouvir pela última vez
cantar um riacho escorrendo dolente,
que seja o lamento do amor ou talvez
o fado das águas sem mágoa fluente.
Não vejo na morte qualquer sensatez
que leve da vida razão que a lamente
mas vejo na rosa que o tempo desfez
o fado de morte que a vida não sente.
Se tenho que ver sob a luz derradeira
a última rosa que amei como herdeira
só sinta de amor o penar da consorte.
Se tenho comigo a paixão ressentida,
qual fora de espinhos o berço da vida
que seja de rosas meu leito de morte.
Afonso Estebanez
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