domingo, 13 de novembro de 2016

HORIZONTE DA INFÂNCIA


Construo um navio com nuvens da infância
e meu sonho navega num céu de saudade.
O sol colhendo amoras no sítio da alvorada
um velho engenho recendente da garapa 
jorrando da moenda de aroeira adocicada.

As batidas inocentes pelos clarões do céu
e as colinas de assa-peixes floreando paz.
As quaresmeiras roxas, os ipês frondosos
a sombria constância das estradas baldias 
os capoeirões dos carrancudos cambarás.

O canto triste dos carros-de-boi cá dentro
do meu peito onde escuto bater a solidão 
das porteiras dos apriscos de minha alma
de plantão no abismo da doce melancolia
que assiste o fazendeiro do meu coração.

Construo um navio com nuvens da infância
e meu sonho navega num céu de saudade.
Do murmúrio infantil das águas cristalinas
do crepúsculo nas calmarias do horizonte 
por onde fluem os ribeirões da liberdade.

Afonso Estebanez

Nenhum comentário: