segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

GRAÇA DESMEDIDA

GRAÇA DESMEDIDA

Contemplo o meu jardim
como se fosse pela última vez...
E me comove o instinto daquela
pequenina flor se abrindo para o céu
como um pedacinho de arco-íris
bebendo no ribeiro da alvorada
a primeira gota de orvalho
da manhã sobre a ravina
derramada.

Procuro entender a minha vida
segundo aquela demonstração
de milagre pelo poder da graça
sobre a simplicidade às vezes
não percebida.

O relógio não faz tempo
mas o tempo se eterniza
nesse milagre de amor:
pode a flor passar no vento
mas fica o aroma da brisa
e o encanto de uma flor.

Desistir de mim – repenso –
por causa de um desamor,
se a pequena flor do campo
Deus jamais abandonou?
Então me visto de encanto
com o manto daquela flor...


Dueto de Sueli Amália (Poetisa das Marés)
& Afonso Estebanez.

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