domingo, 26 de outubro de 2008

PRIMEIRA CARTA ABERTA PARA JUAN E LÍDIA


PRIMEIRA CARTA ABERTA PARA JUAN E LÍDIA

Juan, aqui cheguei!
E já estou de partida...

Eu não sou de nenhum lugar
nem tenho para onde ir
nessa longa ronda cigana
pelas beiradas da vida...

Antes que o trem apite na estação
pela última vez na hora da partida
devo dizer que as cerejeiras já estão florindo.
O carvalho deitou as sombras no berço do caminho...
E os liquens nas pedras da ribeira, Lídia!... Tão verdes...
Como eram verdes os vales de minhas esperanças...
Os pássaros mineradores de pitangas tocam violino
com os arcos de sol que aquecem a cálida manhã...
A aragem acalanta os ramos das limeiras
e as abelhas deslizam pelos corrimões
de pétalas das castas magnólias...

Lídia, aquelas rosas floresceram no jardim
e canta um pássaro na calha da varanda
num recital gregoriano de versos
que ainda não compus...

A. Estebanez

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